Muitas pessoas imaginam que o Islam é a religião dos árabes. Vamos verificar se essa informação procede?
Podemos definir como árabe a pessoa que nasce em um país cujo idioma oficial seja o árabe. Já o muçulmano é todo aquele que opta por seguir a religião islâmica, independente de sua origem, pois o Islam é universal, destinado a toda a humanidade. Assim, nem todo árabe é muçulmano e nem todo muçulmano é árabe. Existem muitos árabes praticantes de outras religiões, e dentre a totalidade de muçulmanos espalhados pelo mundo apenas 18% deles são de origem árabe.
Talvez esta confusão se dê pelo fato da mensagem final do Islam ter vindo por intermédio de um profeta árabe, Muhammad (que a bênção e a paz de Deus estejam sobre ele), e o último Livro enviado por Deus, o Alcorão, ter sido revelado no idioma árabe. Mas já há muitos anos o Islam é a religião que mais cresce no mundo, não só em países árabes. Hoje temos cerca de 1 bilhão e 570 milhões de muçulmanos. Ou seja, em cada quatro pessoas no planeta, uma é muçulmana.
Alguns pesquisadores atribuem esse crescimento à alta taxa de natalidade entre os muçulmanos. De fato este índice é alto, mas também existe um grande número de pessoas abraçando o Islam, principalmente na Europa e nos EUA, o que explica a tentativa constante de impedir a visibilidade dos muçulmanos. Isso fica claro quando analisamos as posturas de alguns países europeus, como por exemplo a França, a nação da Liberté, Égalité, Fraternité (Liberdade, Igualdade, Fraternidade), onde as jovens francesas são impedidas de frequentar as escolas utilizando o véu islâmico (hijab), e a Suíça, onde se proibiu a construção de minaretes nas mesquitas.
Para que não haja mais dúvidas nessa questão, vejamos algumas estatísticas interessantes da última pesquisa feita pela organização Pew Forum on Religion and Public Life, com sede em Washington. O estudo levou três anos para ser concluído e analisou dados de 232 países e territórios.
· As cinco nações com maior população muçulmana no mundo não são árabes: Indonésia (202,9 milhões), Paquistão (174 milhões), Índia (161 milhões), Bangladesh (145,3 milhões), Nigéria (78 milhões);
· Há mais muçulmanos na Alemanha do que no Líbano e menos na Jordânia e na Líbia somadas do que na Rússia;
· Apenas 20% dos muçulmanos vivem no Oriente Médio e no norte da África, regiões tradicionalmente mais associadas com a religião;
· Mais de 300 milhões de muçulmanos vivem em países onde o Islam não é a religião mais seguida.
Outro fato curioso é que, entre as pessoas que se tornam muçulmanas, a quantidade de mulheres supera a de homens. Em princípio, para quem não é muçulmano, isso parece contraditório, já que a mulher no Islam é estereotipada como submissa, sem direitos, quase que vivendo na pré-história. Mas quando se conhece o Islam em fontes confiáveis observa-se justamente o contrário.
Sami Isbelle é o autor dos livros "Islam: a sua crença e a sua prática" e "O Estado islâmico e a sua organização" e diretor do departamento educacional e de divulgação da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro (SBMRJ - http://www.sbmrj.org.br/)
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