Você encontra aqui conteúdos da disciplina História e Cultura Afro- Brasileira para estudos e pesquisas, como também, assuntos relacionados à Política, Religião, Saúde, Educação, Gênero e Sociedade.
Enfim assuntos sobre o passado e sobre nosso cotidiano relacionado à História do Brasil e do Mundo.








Seguidores


Visitantes

domingo, 28 de agosto de 2011

Hoje na História, 1963, Marcha de Washington e do discurso 'Eu tenho um sonho'



Leia o discurso: "Eu tenho um sonho" - Português


king-dreamspeechData: 28 De Agosto de 1963.

Local: Washington – Capital Federal dos Estados Unidos.

Personagem: um pastor afro-americano de apenas 34 anos de idade, discursando para uma multidão estimada em 250 mil de pessoas.

Resultado: um ano depois foi aprovada a Lei dos Direitos Civis – o primeiro passo no Combate ao Racismo dado pelo Governo Federal Norte-Americano.

Efeito Colateral: no dia 4 de abril de 1968, com apenas 39 anos, o mesmo orador foi assassinado.

O jovem pastor era Martin Luther King Junior – um dos principais lideres na luta contra a discriminação racial nos Estados Unidos. A Marcha de Washington foi um marco histórico da militância negra que mostrou sua força e organização.

Os coordenadores da passeata estimavam que conseguissem no máximo colocar 100 mil pessoas nas ruas. Igrejas e organizações não governamentais estavam auxiliando nesse transporte. A TV tinha uma visão mais tímida, falava de apenas 25 mil manifestantes.

O começo do evento estava marcado para as 13 horas e 30 minutos. O trajeto seria sair com a passeata atrás da Casa Branca, cruzar as principais vias de Washington, terminando defronte ao Lincoln Memorial. Mas uma bela surpresa animou os organizadores – antes da passeata já tinham conseguido reunir 250 mil pessoas.

Quem eram esses participantes da Marcha de Washington? Não eram só negros e militantes. O movimento de luta pelos Direitos Civis foi abraçado por fazendeiros, advogados, estudantes, operários, até brancos e estrelas de cinema.

Com alguns minutos de atraso começou o ato político, com a cantora afro-americana Camila Willians, cantou o hino nacional norte-americano, acompanhada em coro por todos os presentes. Em seguida falaram as lideranças, que tinham cada um não mais que 8 minutos.

Já eram 3 horas da tarde de um forte verão americano. O publico aguardam ansiosamente a fala do maior orador do dia. Quando o sindicalista Philip Randolph

– respeitável em seus 79 anos de idade. Ele tinha sido o maior idealizador da Marcha, há mais de 20 anos atrás. Randolph presidia a Associação dos Cabineiros de Vagões-Dormitórios. Ele anunciou a fala de Martin Luther King Junior, o publico foi ao delírio. Era o líder moral dos Estados Unidos.

Washington01Antes de falar, uma estrondosa salva de palmas recebeu Luther King. Ele iniciou sua fala explicando a realização da Marcha e o porquê do palanque estar daquele local – o Monumento em homenagem ao ex-presidente Abraham Lincoln. Ele foi o presidente que assinou a promulgação da Abolição da Escravidão e p0or isso teve que enfrentar uma Guerra Civil.

Luther King lembrou, porém que o negro ainda não era um cidadão livre. Falou da luta pela garantia dentro da Constituição dos direitos a vida, liberdade e a busca da felicidade. Respondendo as alas radicais do movimento negro representada por Malcolm X, ele disse que o povo negro não deveria matar a sede de liberdade na taça do ódio e da revolta, apesar de argumentar que não deveria ficar satisfeitos com meias-verdades dada pelas elites do país.

Emocionado o reverendo batista largou o discurso e começou a improvisar num trecho muito conhecido hoje "... eu tenho um sonho, que um dia, nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos de ex-escravos e os filhos de ex-senhores de escravos possam se sentar juntos à mesa da fraternidade". Foram minutos de silencio, acompanhado pela multidão em lagrimas, como narra o escritor negro James Balwin.

Luther King terminou seu discurso pedindo que todos desses as mãos e cantassem um velho canto religioso dos tempos da escravidão " livres finalmente! Livres finalmente! Graças a Deus Todo-Poderoso, estamos livres finalmente!".

No período da tarde, o então presidente John Kennedy recebeu uma comissão de lideranças da Marcha em seu gabinete de governo, declarando apoio à pauta de reivindicação. Mas não foi ele que colocou a proposta em aprovação pelo Congresso Americano, pois menos de 3 meses depois, ele foi assassinado numa visita oficial a Dallas, no estado do Texas.

"Has anybody here

Seen my old friend Martin

Can you tell me?

Where he has gone

'Coos he freed a lot of people

But it seems the good die young

I just looked around

And he was gone" Canção - Abraham Martin and John –

cantada por Marvin Gaye

OS BASTIDORES DA MARCHA SEGUNDO MALCOLM X

malcolmxA Marcha teve uma analise acida por Malcolm X, que a apelidou de "Farsa de Washington". Ele reconhece que houve uma adesão de pessoas que antes comportavam de uma forma passiva contra o racismo. Ele critica a participação de negros burgueses ao movimento, fretando trens com ar condicionado e indo para o evento em aviões, enquanto a imensa maioria viajava para a capital federal com carros caindo aos pedaços ou de carona.

O líder do grupo Mulçumano Pretos denunciava que a NAACP – National Association for the Advancement of Colored People (Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor) por angariar boa parte dos donativos causando inclusive uma divergência séria durante a preparação do evento.

A causa disso foi a doação de mais de 800 mil dólares de organização não governamentais não negras, para organização da Marcha. O dinheiro teria vindo, pois as lideranças brancas seriam as verdadeiras articuladoras da Marcha, que deveria ser de protesto e raiva.

Malcolm também criticava a ingenuidade das lideranças que serviram de instrumentos para o marketing político internacional ao deixar que Kennedy passasse a imagem de grande aprovador das reivindicações, quando na verdade , ele tinha resistência aos pedidos.

Em seu livro autobiográfico, Malcolm dizia que era inimaginável ter revolucionários numa marcha onde a única canção era We Shall Overcome (Nós Venceremos), onde os negros oprimidos davam as mãos aos seus opressores. Ele era contrario a tática de Luther King de dar a outra face – modo cristão de fazer militância negra.

Há que indique um pouco de ciúme nas palavras de Malcolm por não ser chamado a discursar. Ele cita que uma pesquisa do jornal New York Times o colocava em segundo lugar como o orador mais procurado nos meios estudantis, perdendo só para o senador Barry Goldwater.

Mas suas palavras são verdadeiras, quando a grande Marcha de Randolph imaginada para pressionar o Governo em Washington foi manipulada e transformou-se num enorme espetáculo cinematográfico e inofensivo.

Essa era a diferença entre Martin Luther King e Malcolm X – um queria uma reforma pró negros dentro do sistema americano e o outro desejava mesmo a revolução popular, destruindo o que existia. Os dois foram barbaramente mortos, onde os mandantes dos crimes são obscuros. Há quem diga que o FBI matinha vigilância ininterrupta nos dois.

Veja mais sobre o assunto

Martin Luther King

Rosa Parks

Malcon X

Fonte: Marco Negro


Jostein Gaarder parte 1 - Fronteiras Educação - Diálogos com Professores

Jostein Gaarder parte 2 - Fronteiras Educação - Diálogos com Professores

Jostein Gaarder parte 3 - Fronteiras Educação - Diálogos com Professores

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Orientações para o trabalho com o disléxico em sala de aula

Pesquisando em um site encontrei algumas orientações interessantes que muitas vezes já utilizamos em sala.


Sabemos hoje que os distúrbios de leitura e escrita, dentre eles a dislexia, são fatores de maior incidência em sala de aula, portanto devem ser objeto de estudo e de compreensão por parte de todos os envolvidos. A escola, na figura do professor, necessita da um novo significado na busca de novos caminhos para o processo de ensino-aprendizagem dos alunos que manifestam essas dificuldades. É possível preparar o professor para identificar aquele aluno que demonstre dificuldades em adquirir a leitura e a escrita desde os primeiros anos do ensino fundamental e encaminhá-lo à avaliação aplicada por equipe especializada.Alguns aspectos facilitadores poderão ser introduzidos pelo professor como norte no processo acadêmico e como ferramentas de auxílio aos alunos disléxicos, a saber:

  • Perceber e estimular as habilidades de seus alunos, como forma de dar-lhe segurança, melhor autoestima e mecanismos compensatórios, respeitar suas ineficiências procurando auxiliá-lo de forma calma e segura, para que os alunos sintam-se confortáveis em solicitar ajuda ou tirar dúvidas
  • Explorar seu mundo imaginário e suas habilidades práticas e criativas
  • Permitir a gravação de aulas expositivas, visto que o disléxico apresenta dificuldades para anotar e prestar atenção ao mesmo tempo
  • Dar tempo adequado dependendo do trabalho a ser realizado, o disléxico despenderá maior tempo quando o solicitado requerer leitura e escrita de textos ou livros
  • Fazer provas orais e fornecer mais tempo para as provas que exijam leitura e escrita.


Fonte: http://www.abcdislexia.com.br/dislexia/dislexico-sala-de-aula.htm

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Assinala-se hoje o Dia Mundial do Folclore

Luanda – Assinala-se hoje, 22 de Agosto, o Dia Mundial do Folclore, escolhido em 1846 pelo ANGOP.





O folclore é o conjunto das tradições de um povo, expressas nas suas crenças, canções e costumes
O folclore é o conjunto das tradições de um povo, expressas nas suas crenças, canções e costumes

O arqueólogo inglês William John Thoms, que criou a palavra “folclore” e sugeriu a uma revista de Londres, na Inglaterra, que a usasse quando fosse falar dos cantos, histórias e costumes dos povos.
A comemoração da data tem como objectivo assegurar, no mundo, as mais amplas manifestações populares.
Em inglês Folk significa “povo” e Lore,”estudo, saber, conhecimento”. O folclore é o conjunto das tradições e de um povo, expressas nas suas lendas, crenças, canções e costumes. Mas o folclore é bem mais do que isso, constituindo-se na riqueza cultural da humanidade.
É a soma da cultura material, dos costumes e tradições de um povo expressos de diversas maneiras (oralmente, por escrito ou encenados).
É através do folclore que se estabelecem as relações de identidades regionais. No mundo, as tradições folclóricas reforçam os traços culturais de cada região.
O folclore é a ciência que se ocupa de pesquisar, cultivar e revelar as legítimas raízes culturais, aquelas que são mantidas pelo povo e passadas de mão em mão, de ouvido a ouvido, tornando-se, ao longo dos tempos, uma propriedade deste mesmo povo.
Todos os povos têm folclore. Conhecê-lo e estudá-lo significa contribuir para que se mantenha vivo e, consequentemente, através da sua preservação é possível perpetuar cada cultura. Muitas vezes é preciso estudar o folclore para verdadeiramente entender a história de um povo.
Através do folclore o homem expressa as suas fantasias, os seus medos, os melhores e piores desejos, de justiça e de vingança, às vezes apenas como forma de escapar àquilo que ele não consegue explicar. As histórias são diferentes mas o imaginário dos povos já provou ser muito parecido.
Contos folclóricos por exemplo são narrativas em prosa de ficção. As pessoas gostam deles por causa da fantasia. Em algumas culturas, eles trazem uma lição de moral.

Fonte:ANGOP

A Construção da Igualdade Racial

Por Eloi Ferreira

Há 23 anos nascia a Fundação Cultural Palmares. Criada pela Lei nº 7.668, de 22 de agosto de 1988, a Palmares tem o compromisso de promover e divulgar a cultura negra, como forma de combate ao racismo e de construção da igualdade racial. Desde sua criação, trabalha na formulação e implantação de políticas públicas que potencializam a participação da população negra brasileira nos processos de desenvolvimento do Brasil.

Combater o racismo, a xenofobia e quaisquer manifestações de preconceito e intolerância são responsabilidades de todos. E a Conferência de Durban, realizada em 2001, reforçou esse compromisso, ao reunir homens e mulheres de todo o mundo na África do Sul, no sentido de mobilização contra o racismo, cujas vítimas maiores são os afrodescedentes.

No Brasil, as desigualdades entre negros e brancos ainda são grandes em diversos setores: educação, saúde, habitação, trabalho e renda. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que os negros constituem 70% dos pobres no país. Comprova-se a urgência da aplicação das ações afirmativas previstas no Estatuto da Igualdade Racial, Lei nº 12.288/2010, que se constitui numa das mais importantes conquistas dos negros e das negras brasileiras, para a redução dessas assimetrias.
O Estatuto da Igualdade Racial é um documento ímpar no arcabouço jurídico, político e social do país, porque não tem princípio na matéria penal, mas abre um amplo caminho para a prática da igualdade e da oportunidade, na perspectiva de inclusão da população negra nos ambientes públicos e privados, a fim de que possa ter maior acesso aos bens econômicos e culturais.

A Fundação Cultural Palmares, nas comemorações de seu 23º aniversário, coloca em debate a cultura como veículo de erradicação da miséria. Proposta alinhada aos objetivos do plano Brasil sem Miséria, lançado pela presidente Dilma Rousseff. A contribuição do negro na construção do nosso país é imensurável, por isso, somente por meio de políticas públicas que valorizem a cultura afro-brasileira e deem mais visibilidade à população negra na sociedade estaremos promovendo de fato uma maior equidade.

As ações afirmativas previstas na mencionada Lei nº 12.288/2010 asseguram as cotas nas universidades e nos concursos públicos, sem falar na garantia da plenitude de programas, tais como, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Iniciativas apoiadas pela Palmares, e que só vêm somar às realizações da instituição, que estão estruturadas em três unidades responsáveis diretamente pela produção de bens e serviços a serem oferecidos à sociedade, em particular aos descendentes africanos: Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-brasileiro, Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira e o Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra.

O Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes nos remete à contribuição do trabalho escravo para a construção de inúmeros Estados nacionais. Pode-se afirmar que a cultura brasileira não seria a riqueza que é se não fosse a contribuição dos negros. Ainda há uma imensa dívida a ser reparada para a construção da igualdade de oportunidades entre todos os brasileiros. Uma das possibilidades de reparação dessa dívida está no Estatuto da Igualdade Racial, que, neste ano, faz seu primeiro aniversário e já produz os primeiros resultados para igualar a nação.

Vivemos um processo de luta pela superação do racismo em todo o mundo, mas, vez por outra, encontramos graves ofensas à integridade dos diferentes. Luta iniciada por Zumbi, passando por João Cândido, Abdias Nascimento e tantos outros. Essas lutas garantiram avanços. A partir dos oito anos de mandato do ex-presidente Lula, foram adotadas diversas medidas favoráveis à comunidade negra, tais como: o Programa Universidade para Todos (ProUni); a criação da Universidade Luso Afro-brasileira e, logo no início do governo, a instituição da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). Além disso, nomeou dois juristas negros para a alta magistratura nacional, os ministros Benedito Gonçalves e Joaquim Barbosa, respectivamente, para o Superior Tribunal de Justiça e para o Supremo Tribunal Federal.

Essas ações impactaram positivamente na autoestima da nação, especialmente da população negra.

Neste século de profundas transformações, continuaremos trabalhando para que possamos implementar o avanço das políticas públicas de igualdade. Fundação Cultural Palmares: 23 anos de valorização da cultura afro-brasileira.

sábado, 20 de agosto de 2011

Meu filho, você não merece nada

A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada
Eliane Brum
   Divulgação
ELIANE BRUM
Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo).
E-mail: elianebrum@uol.com.br
Twitter: @brumelianebrum

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.


Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.


Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.


Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.


Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?


Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.


Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.


Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.


A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.


Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.


Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.


Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.


Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.


O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.


Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.


Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.


Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.


Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI247981-15230,00.html

Que invenções de guerra a gente usa hoje em casa?





Do computador ao chocolate, é enorme a lista de produtos criados para fins militares e depois adaptados para o uso no dia-a-dia. "Quase todos os materiais de nosso cotidiano empregam alguma tecnologia bélica", afirma o engenheiro João Luiz Hanriot Selasco, diretor do Instituto Nacional de Tecnologia, no Rio de Janeiro. Faz sentido - e se pensarmos bem, vamos encontrar o tempo todo produtos usados tanto na guerra quanto na paz. "Na cozinha, encontramos imediatamente a faca, que pode matar alguém ou só cortar um legume.

É uma via de mão dupla - há passagens constantes do civil para o militar e vice-versa", diz o historiador Gildo Magalhães, da Universidade de São Paulo. Nestas páginas, reunimos os seis produtos mais inusitados que passaram do campo de batalha para a sala de estar.

Limitamos a lista às inovações surgidas nos séculos 19 e 20 - e não ultrapassamos os muros de casa, senão teríamos de incluir coisas como o radar e a ultra-sonografia. Os avanços das pesquisas no mundo militar afetam, claro, os setores diretamente relacionados com a briga em si, como a fabricação de munições ou armamentos.

Mas essa evolução sempre respinga nas tecnologias civis. Por exemplo, quando acabou a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o setor industrial dos Estados Unidos havia dado um salto tanto nos modos quanto na capacidade de produção.

A idéia inicial era tornar as fábricas eficientes para detonar o inimigo, mas, com o fim dos conflitos, as indústrias estavam livres para revolucionar a produção de alimentos, de roupas, de meios de transporte e outras atividades.


18/08/1960: Primeira pílula anticoncepcional chega ao mercado


No dia 18 de agosto de 1960 foi lançado o contraceptivo oral Enovid-10 nos Estados Unidos. A pílula significaria uma verdadeira revolução nos hábitos sexuais do mundo ocidental.
"Um dia histórico e um tremendo passo à frente": foi com essa manchete que a revista Der Stern anunciou, na década de 60, o lançamento do contraceptivo oral no mercado alemão. Tudo havia começado no início dos anos 50 nos Estados Unidos. A feminista Margaret Sanger e a milionária Katherine McCormick haviam se unido para inventar uma pílula contra a gravidez que fosse fácil de usar, eficiente e barata.
O cientista Gregory Pincus aceitou o desafio. Mas tinha que trabalhar às escondidas, pois os contraceptivos estavam oficialmente proibidos nos Estados Unidos até 1965. Ele alegou tratar-se de uma pesquisa para aliviar os sintomas da menstruação e encerrou seu trabalho cinco anos depois de iniciar as pesquisas. No dia 18 de agosto de 1960 lançou o novo produto no mercado norte-americano: o Enovid-10.
Katherine Dexter McCormick
Na Alemanha, a pílula apareceu apenas em 1º de junho de 1961, quando foi lançada pela Schering com o nome de Anovlar. Eram pequenos comprimidos verdes, cuja bula, naturalmente, vinha com a indicação "para aliviar os sintomas desagradáveis da menstruação".
A revolução sexual dos anos 60
O sexo, na época, ainda era tratado apenas como meio de reprodução. Por isso, a pílula significou uma reviravolta no conceito de sexualidade, pois o casal podia passar a manter relações sexuais apenas por prazer. A demanda aumentou muito a partir de 1965 na Alemanha. Ao mesmo tempo em que a indústria farmacêutica enriquecia, o sexo masculino começou a preocupar-se com a fidelidade de esposas e namoradas.
O auge da pílula anticoncepcional veio a seguir, com Woodstock e os hippies, a efervecência do movimento estudantil e o avanço do feminismo. Em pouco tempo, no entanto, começaram a ficar claros os efeitos colaterais, como mal-estar e ganho de peso.
Os laboratórios continuaram pesquisando e criaram a mini e a micropílula (com dosagens hormonais menores), a pílula para depois, a pílula do aborto, o adesivo e o implante com hormônios. Parece faltar apenas um tipo de pílula: a para o homem

Parabéns aos Historiadores pelo seu dia!

Um Historiador é um indivíduo que estuda e escreve sobre a história e é considerado uma autoridade neste campo. Historiadores se preocupam com a narrativa contínua e metódica, bem como a pesquisa dos eventos passados relacionados ao ser humano, e o estudo dos eventos ocorridos ao longo do tempo. Embora o termo historiador possa ser usado para descrever tanto os profissionais quanto os amadores da área, costuma ser reservado para aqueles que obtiveram uma graduação acadêmica na disciplina. Alguns historiadores, no entanto, são reconhecidos unicamente com mérito em seu treinamento e experiência no campo.


“AMO A HISTÓRIA. SE NÃO AMASSE, NÃO SERIA HISTORIADOR. FAZER A VIDA EM DUAS: CONSAGRAR UMA À PROFISSÃO, CUMPRIDA SEM AMOR; RESERVAR OUTRA A SATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES PROFUNDAS – ALGO DE ABOMINÁVEL QUANDO A PROFISSÃO QUE SE ESCOLHEU É UMA PROFISSÃO DE INTELIGÊNCIA. AMO A HISTÓRIA E É POR ISSO QUE ESTOU FELIZ POR VOS FALAR, HOJE, DAQUILO QUE AMO” – LUCIEN FEBVRE


“O BOM HISTORIADOR SE PARECE COM O OGRO DA LENDA: ONDE FAREJA CARNE HUMANA, SABE QUE ALI ESTARÁ SUA CAÇA” – MARC BLOCH
“AINDA QUE OS HISTORIADORES TENHAM SIDO SEMPRE OS PIORES PROFETAS, CERTAMENTE, NO ENTANTO, PODEM AJUDAR A COMPREENDER AS HERESIAS ACUMULADAS QUE FIZERAM NÓS O QUE SOMOS HOJE” – ROGER CHARTIER
“OS OUTROS POVOS SÃO DIFERENTES. E, SE QUEREMOS ENTENDER SUA MANEIRA DE PENSAR, PRECISAMOS COMEÇAR COM A IDÉIA DE CAPTAR A DIFERENÇA. QUANDO NÃO CONSEGUIMOS ENTENDER UM PROVÉRBIO, UMA PIADA, UM RITUAL OU UM POEMA, TEMOS A CERTEZA DE QUE ENCONTRAMOS ALGO. ANALISANDO O DOCUMENTO ONDE ELE É MAIS OPACO, TALVEZ SE CONSIGA DESCOBIR UM SISTEMA DE SIGNIFICADOS ESTRANHOS. O FIO PODE CONDUZIR A UMA PITORESCA E MARAVILHOSA VISÃO DE MUNDO” – ROBERT DARNTON
“A FUNÇÃO DO HISTORIADOR É LEMBRAR A SOCIEDADE DAQUILO QUE ELA QUER ESQUECER” – PETER BURK

“SER MEMBRO DA CONSCIÊNCIA HUMANA É SITUAR-SE COM RELAÇÃO AO SEU PASSADO” – ERIC J HOBSBAWM

O Historiador e seu dia (19 de agosto)



Um ano se passou desde a criação da data que comemora o dia do Historiador.


Neste ano, resolvi colocar aqui como alguns sites definem o profissional da História.

"[...] o historiador é aquele profissional encarregado da reunião de dados e documentos, interpreta, reconstrói, e analisa o passado de grupos, indivíduos, costumes, idéias, instituições, cultura, artes, regiões, movimentos sociais de todos os aspectos da história, situando, desta maneira, os fatos em seu contexto."

"Historiadores são profissionais que reúnem documentos e dados, situam os fatos em seu contexto, reconstroem, interpretam e analisam o passado de indivíduos, grupos e movimentos sociais, instituições, regiões, cultura, arte, idéias e costumes - que abrangem todos os aspectos da História."
Obs: Interessante perceber nesse site as características que um Historiador deve ter.

"Um historiador é um indivíduo que estuda e escreve sobre a história e é considerado uma autoridade neste campo. Historiadores se preocupam com a narrativa contínua e metódica, bem como a pesquisa dos eventos passados relacionados ao ser humano, e o estudo dos eventos ocorridos ao longo do tempo. Embora o termo historiador possa ser usado para descrever tanto os profissionais quanto os amadores da área, costuma ser reservado para aqueles que obtiveram uma graduação acadêmica na disciplina. Alguns historiadores, no entanto, são reconhecidos unicamente com mérito em seu treinamento e experiência no campo. Tornou-se uma ocupação profissional no fim do século XIX."


Repito aqui [por que já havia colocado no post do ano passado] uma poesia de Carlos Drummond de Andrade sobre o profissional.

Fontes:
Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Historiador

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Análise do filme: Quanto vale ou é por quilo


Por Diana Costa


A Sociedade Brasileira vive na sua contemporaneidade a Era da Globalização, essa expressão acaba ganhando um conteúdo definido pela política sócio-econômica que vivenciamos atualmente. O Brasil Colonial implantou fortes raízes na sociedade e no contexto atual sofremos resíduos fortes e permanentes desta herança patriarcal que até hoje continua com os mesmos objetivos.

O filme retrata o período do Brasil Imperial que tinha uma escravidão explícita, o comércio de escravos em expansão do varejo ao atacado, as relações comerciais entre Casa Grande e a Senzala, dando ênfase à política castradora que ditava suas próprias leis direcionadas ao acúmulo de riquezas privilegiando a grupos de classes sociais elitizadas e que dessa forma gerava graves problemas sob jugos autoritários impedindo o campo de direitos civis da classe subalterna.

A análise do filme aborda a comparação de duas épocas distintas, dois tipos de políticas em décadas diferentes (a Política Imperial e Política Social Contemporânea), mostrando as semelhanças de uma perversa dinâmica sócio-econômica de desigualdades, preconceitos, autoridades, ditadura desacerbada e corrupção, embaladas pela impunidade, pela violência e pela apartação social permanente. O filme focaliza a exclusão social e seu sinônimo velado, a miséria é o combustível de um novo comércio de atacado e a exploração da pobreza pelas ONGs (terceiro setor), que tenta preencher a ausência do Estado em atividades assistenciais, transformando as pautas sociais em verdadeiras feiras de negócios; o dinheiro público e o produto é a população.

O ponto central do filme são os métodos utilizados pela escravidão no passado e a nova versão que essa escravidão assume nos dias de hoje. O filme deixa na sua mensagem final, que o Brasil precisa de políticas públicas eficientes, a sociedade precisa refletir sobre como pensar, agir, e tudo mais que tenha a ver com o social, pois, a responsabilidade de um Brasil descente e igual é de cada um de nós, o Brasil não precisa ser um país socialista para ser um país justo, ele precisa de Educação.