Por Diana Costa
A História do Negro é uma história de luta e resistência em qualquer parte do mundo. Em 1550 o Brasil recebeu milhões de africanos que foram trazidos para as Américas e de acordo ao IBGE, o Brasil é o segundo país mais negro do mundo e da diáspora. Essa trajetória atinge uma etapa histórica crucial no período da escravidão, pois o interesse do europeu era tornar a população do país cada vez mais branca e erradicar da mente e do afeto dos descendentes escravos a imagem da África como uma lembrança positiva de nação, de pátria e de terra nativa.
A identidade cultural de um povo, num Estado Nacional, pode se transformar lentamente, de acordo com as modificações históricas, ou de forma mais acelerada. Além de povoar o Brasil e dar-lhe prosperidade econômica por meio do seu trabalho, o negro trouxe, também, as suas culturas, que foram fundamentais à formação da Cultura Brasileira.
Vindos de várias partes da África, os negros escravizados trouxeram diversas matrizes culturais que sobreviveram em solo brasileiro e serviram como patamares de resistência social ao regime que os oprimia e pretendia transformá-los apenas em “máquinas de trabalho”. E a cultura negra enraizou-se no Brasil, desde a sua fundação e sua primeira influência cultural foi religiosa; os negros tinham sua própria religião, mas eram obrigados a aceitar a religião dos brancos, o Cristianismo. E o Candomblé se imiscuiu na Igreja Católica, criando o Sincretismo Religioso.
As manifestações culturais afro-brasileiras eram proibidas, desprezadas, desestimuladas e perseguidas, porque não fazia parte do universo cultural europeu, não representavam civilidade, mas sim, uma cultura selvagem e atrasada em contra-ponto à Europa em desenvolvimento. Entretanto, a partir de meados do século XX, as expressões culturais afro-brasileiras começaram a ser gradualmente aceitas, admiradas e celebradas pelas elites brasileiras como expressões artísticas genuinamente nacionais.
O governo da Ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas desenvolveu políticas de incentivo do nacionalismo nas quais a Cultura Afro-Brasileira encontrou caminhos de aceitação oficial. E a capoeira que era considerada forma de briga de bandidos e marginais, foi apresentada em 1953, por Mestre Bimba ao presidente Vargas, que então a chamou de “único esporte verdadeiramente nacional”. Sabemos que os escravos africanos enganavam os senhores de engenho, dizendo que essa dança era uma forma de diversão africana, semelhante à “Brincadeira-de-Angola” (capoeira). Eles faziam isso, com o objetivo de se defenderem dos castigos a que eram submetidos.
Outras influências foram deixadas como a culinária; a cozinha negra fez valer os seus temperos, os verdes, a sua maneira de cozinhar, modificou os pratos portugueses, substituindo ingredientes e finalmente criou-se a cozinha brasileira, descobrindo o chuchu com camarão, ensinando a fazer pratos com camarão seco e a usar panelas de barro e colher de pau. No vocabulário diversas palavras foram herdadas: (banana, caçula, xingar, fubá, moleque, cachimbo, quitanda, cachaça e tantas outras...). Foram muitos os legados deixados; a linguagem corporal, vestimentas, crenças, conhecimento das folhas e a música. Os sons africanos e muitos instrumentos de origem africana como o berimbau, o atabaque e a cuíca foram incorporados aos ritmos brasileiros e desse caldeirão nasceu o samba, o maculelê, o maracatu e o maxixe, tornando a música negra um ritmo maravilhoso.
Graças á resistência e à luta para manter seus hábitos e suas crenças, o costume do negro permaneceu, dando origem a novas manifestações que contribuíram para enriquecer ainda mais o patrimônio cultural brasileiro. Não podemos esquecer a riqueza histórica, social, econômica, cultural e espiritual legada pelos negros ao nosso país. Por essas razões, devemos respeitá-las e mantê-las, pois, assim, estaremos preservando a nossa cultura e a memória das pessoas que construíram a nossa Sociedade, pois a diversidade cultural é enorme no Brasil e em especial na Bahia.
Em 2003, foi promulgada a Lei nº 10.639 que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da educação (LDB), passando-se a exigir que as escolas brasileiras de Ensino Fundamental e Médio incluam no seu currículo o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira. Sabemos que sempre que olharmos para o Povo Brasileiro veremos o rosto negro e esse elemento é essencial na Identidade Nacional.
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