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sábado, 16 de julho de 2011

A FÉ CRISTÃ QUE CANONIZOU NEGROS


A vida na África antes dos europeus era muito diferente dos dias atuais, muito dos povos africanos viviam em grandes civilizações, tinham religiões e culturas próprias, viviam em cidades ou em aldeias conforme suas tribos, a vida religiosa era o fator mais importante nas comunidades africanas, sacerdotes eram muitas vezes chefes e reis em determinadas tribos e nações devido a sua influência.

As principais características das várias nações e povos africanos eram: a religiosidade, a vida comunitária, a música, a dança, e a arte. Pouco sabe dos primórdios dos povos africanos, o que sabemos veio através da oralidade, passado de gerações a gerações e por estudos arqueológicos.

Até mesmo antes das Cruzadas e das Missões Cristãs terem chegado à África, muitos povos, principalmente os do norte do continente - Egito, Líbia, Sudão, Etiópia e Tunísia já conheciam o cristianismo; muitos já eram até adeptos.

O próprio Jesus Cristo foi levado, em fuga, pela sua famíla para o Egito, logo após o seu nascimento. A Etiópia tinha um relacionamento muito íntimo com o judaísmo desde os tempos de Moisés e da Rainha de Sabá, nisto veio o surgimento dos judeus negros que foram seguidores de Moisés ou serviam àquela rainha.

A Rainha Candace da Etiópia, apesar de não ter se convertido ao Cristianismo, apoiou na conversão de muitos do seu povo, inclusive na conversão de um de seus guerreiros de confiança que acabou se tornando um dos primeiros missionários de origem africana. Mas infelizmente esse encontro da África com o Cristianismo foi sufocado pelos interesses da Cristandade e pelo Islamismo radical, fato este que contribuiu para que muitos povos perdessem a sua identidade ancestral e organização com a escravização, a exploração, a segregação étnica e a colonização.

Contudo a fé cristã na África não parava de crescer e iam surgindo em cada canto as Irmandades Negras com o intuito de divulgar os ensinamentos do Evangelho de Cristo num continente em decadência, naturalmente, preservando e respeitando a identidade e a cultura de todos os povos.

Tais irmandades sobreviveram depois dessa cristianização, graças aos feitos de seus líderes negros que fizeram do cristianismo na África algo novo e, em sua essência, uma doutrina pura e perfeitamente contextualizada com as culturas locais.

Embora a África fosse um continente de diversidade étnica, cultural e religiosa, o continente teve como reconhecimento a canonização desses líderes negros que se converteram ao Cristianismo.

A África passa a cultuar não só a fé em Alá e nos Orixás como também nos Grandes Santos Negros que ela mesma gerou:

São Benedito, Santa Josephina, Santa Mônica, Santo Antônio de Categeró, São Elesbão, São Melquíades, Santa Felicidade, Santa Perpétua, Santo Moses, São Cirilo de Alexandria, Santo Agostinho, Santo Atanásio, São Frumêncio, Santo Antão, São Cipriano, São Saturnino e outros.

No Brasil, da fé cristã e da devoção dos negros na época da escravidão foi gerada a Santa Escrava Anastácia que operou vários milagres, porém ainda não foi canonizada, mas é louvada nas Paróquias de Nossa Senhora do Rosário.

Já a maior devoção do povo brasileiro está centrada nos milagres operados pela imagem misteriosa da santa negra enegrecida Senhora de Aparecida, encontrada por três humildes pescadores em 1917, no leito do Rio Paraíba do Sul, no Vale do Paraíba, aonde todos os anos milhares de brasileiros vão em romaria à sua Basílica.

São Benedito também passou a fazer parte da devoção dos brasileiros e, inclusive, está presente no nosso folclore com celebração religiosa de origem afro-brasileira; a festa, no mês de outubro, é marcada pela apresentação de danças folclóricas como o congo, o samba de roda, a umbigada, o pastoril, o jongo, o caxambu, a ciranda e o maculelê, dependendo da região onde ela é celebrada.

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