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quarta-feira, 25 de maio de 2011

A verdade sobre o caso Strauss Kahn e os absurdos de Arnaldo Jabor sobre os crimes sexuais


Nafissatou Diallo
Provavelmente nenhuma feminista nunca tinha ouvido falar de Nafissatou Diallo, mas este é o nome da corajosa camareira do Hotel Sofitel de Nova Iorque que denunciou o ex-chefe do Fundo Monetário Mundial, Dominique Strauss-Kahn, por violência sexual e tentativa de estupro.
Quando a notícia da prisão de Dominique Strauss-Kahn se espalhou nas grandes mídias brasileiras, poucas opiniões sobre o assunto exteriorizavam algo além da descrição dos fatos e das conseqüências que o mesmo teria sobre a política econômica mundial.
“Estupro” ainda era a palavra usada como manchete do fato. Porém, com o passar das horas, o que antes era estupro passou a ser chamado de “escândalo sexual”. E em todas as redes de TV do Brasil, DSK saiu da condição de estuprador para “mulherengo”, um político de “impulso sexual incontrolável”, ou seja, “um homem em estado bruto”.
O estigma de estuprador não parece vestir tão bem grandes economistas quanto veste os pedreiros das classes baixas. E assim, Strauss-Kahn deixou, sob fiança de U$1 milhão, o “hall carcerário dos miseráveis degenerados” e passou a figurar na “calçada da fama dos deslizes sexuais”. Seu nome foi logo associado aos dos “adúlteros e mulherengos” Bill Clinton, John Kennedy e Arnold Schwarzenegger. O que antes era um grave crime sexual passou a ser “um comum deslize epidêmico de machos alfa” e uma “dúvida” sobre o caráter de “todas” as mulheres, como fica expresso nas palavras de Arnaldo Jabor. 
Straus Kahn e os fálicos intrumentos da mídia

para ler o artigo completo, clique aqui

Mesmo que tentou fugir do “abrandamento” do caso incorreu por força da profissão em revelar preconceitos, como foi o caso da colunista Ruth de Aquino, no artigo “A camareira subversiva”.
Pasmem, a jornalista cunhou a seguinte frase sobre Nafissatou Diallo: “Pelas fotos divulgadas na internet, (ela) não é especialmente bonita. Mas, para brancos poderosos e prepotentes, reúne qualidades de sedução particulares: é jeitosa, negra e faxineira”.
Mas ora xotas, o que a colunista da revista Época queria verdadeiramente quis dizer como “jeitosa”? Por que será que Ruth de Aquino cunhou estes infelizes adjetivos sobre Nafissatou Diallo? Seria preconceito próprio ou uma tentativa de emergir os pensamentos brasileiros sobre os modelos da beleza feminina e as mulheres negras? Quem sabe? Sabemos apenas que individual ou coletivo, intencional, provocativo ou não, o "preconceito" parece estar sutilmente lá escrito.  
Mas o importante mesmo é observar que o crime em si teve menos ênfase na mídia do que as suas "consequências políticas". Dominique Strauss-Kahn, um estuprador? "Não". "Ele 'era' apenas um dos principais defensores da futura elaboração de um projeto de lei francês que reduziria as jornadas de trabalho para 35hs semanais, 'era' considerado um dos melhores administradores do FMI de todos os tempos. Ele 'era' virtual futuro governante da França. Ele é um suicida político, um tolo, mas estuprador..." dizem os jornalistas de plantão que não se cansavam de se envaidecer de entrevistá-lo. 
Guido Mantega afirmando que tudo se esclareça
em favor de DSK

A jornalista Miriam leitão, por exemplo, não se negou a entrevistar DSK, mesmo já sabendo de suas antigas agressões sexuais a outras mulheres, como prova este texto e a foto acima. Um homem tão dissimulado que parece ter chegado a afirmar que "mais importante que o impacto econômico (pós-crise mundial) é a democratização que ocorre com os povos árabes".
Só lamentamos que o vídeo da entrevista na Globo News estranhamente "sumiu" da net. Ao menos, conseguimos achar uma recente entrevista feita pela mesma jornalista, com o Ministro da Fazenda Guido Mantega, onde ela chega a gageijar ao perguntar sobre Strauss Kahn e ele afirma aos 12"min e 20seg que "espera que a situação se esclareça em favor do DOMINIQUE" (caso a pagina seja atualizada, as especificações do video são Espaço aberto.Miriam Leitão.17/05/2011, sem os pontos).
As outras agressões de Strauss Khan
Vítimas conhecidas de DSK desde 2008

É neste ponto que as chagas do machismo estrutural começam a exalar odores muito mais fortes, pois, se agrupadas, as primeiras impressões do caso acabam por nos revelar o modus operandi das grandes mídias brasileiras, ditas “não sensacionalistas”, em atenuar fatos que envolvem canalhas que não são “operários da construção civil”. Pior que descobrir que tal “abrandamento” esconde razões muito mais sérias que estabelecem relações diretas entre as políticas nacionalistas e o poder Econômico, como instrumentos de manutenção do status quo sexista, é saber que a muito DSK utilizou sua influência para "esconder" as suas truculentas ações sexuais, pois ao que parece antes da denúncia de Nafissatou Diallo, ele já havia "atacado" cerca de 14 mulheres,como a alta funcionária do FMI Piroska Nagy, a política francesa Aurélie Filipeti, e as escritoras Yasmina Reza, francesa, e Carmen Llera, espanhola. E segundo fontes do Jornal Daily Mail, Kahn era muito famoso por seu consumo de prostitutas em NY, o que em parte ajuda a explicar a popularidade e influência de DSK junto a outros homens com interesses econômicos tão diversos, nos perguntamos então por que estes "escandâlos" jamais vieram a público ao grande publico como o fato atual? Provavelmente porque este também não viria se Strauss Kahn não tivesse sido preso. 
Kahn era um famoso cliente de Prostituição em NY

 Strauss-Kahn E as mulheres como razão de ser da política-econômica na França
Foi noticiado que 57% dos franceses acreditam que a violência sexual do qual o ex-dirigente chefe do Fundo Monetário Mundial Dominique Strauss-Kahn é acusado fazia parte de “um complô político”contra ele. O percentual foi ainda maior quando avaliada a opinião dos pesquisados que fazem parte do partido socialista (70%) que é o mesmo de DSK. Mas quais seriam os motivos levaram os franceses a tamanha fé cega? 
O ex-dirigente do FMI era visto pelos franceses como “o único homem capaz de barrar a crescente influência político-econômica da primeira ministra Angela Merkel dentro da União Européia”. DSK era o cavaleiro branco da mídia francesa e mundial contra o avanço político de uma “mulher” que possuía sérias ressalvas em flexibilizar apoio financeiro aos países da UE com dificuldades econômicas, e com a elegante vantagem francesa de não ser apresentado ao público de maneira tão “jocosa” quanto o seu “cúmplice instintivo” Silvio Berlusconi. Era dentro deste jogo político que representa trilhões em interesses econômicos que Strauss Kahn era cotado como futuro governante do país de Luis XV e Napoleão.
Se as questões de gênero aqui são secundarizadas quando comparadas ao capital, é inegável que a luta DSK vs. Merkel projeta em si todo o conjunto de símbolos que significam dizer que o capitalismo é a atual expressão econômica do patriarcado, tanto que assim que o caso de “tentativa” de estupro foi noticiado, o principal rival político de Strauss Kahn, Nicolas Sarkozy, conseguiu que seu patriarca viesse a público anunciar a gravidez da primeira-dama Carla Bruni, a fim de recuperar popularidade perdida e projetar a imagem oposta de “pai de família”, rumo a reeleição francesa, ou seja, além de propriedade sexual e moeda de troca de acordos econômicos, as mulheres passaram a também representar o trófeu da fertilidade eleitoral neste jogo politico francês.
O Estado Nacional como projeção dos Estupros Patriarcais
É preciso entender que, diferente do Brasil, o povo francês parece ter alguma mémoria, tanto que tem um histórico culto as figuras públicas. Não foi somente as populares ações político-econômicas de DSK (realizador de planos econômicos que deram cerca de 350mil empregos e um dos formuladores da transição do franco para o euro que classificou a França para UE) os únicos motivos da “inocente maioria” da população acreditar em sua “inocência”. Talvez, desde o general Charles de Gaulle, figura emblemática na resistência francesa contra a invasão alemã durante a segunda guerra, tornando-se ao final presidente da França por uma década, não existisse naquele país um político com tantas “qualidades” para representar os ideais e signos patriarcais do Estado Nacional Burguês. Em algum nível do consciente coletivo do patriotismo francês, a situação de Strauss-Kahn e Angela Merkel representava nas mentalidades daquele povo um respingo dos fatos históricos resultantes da 2ª guerra mundial, já que a UE é um projeto político econômico que descende desta época e do qual os governos franceses apostaram todo o seu franco, entretanto a maior prova que DSK seria um "excelente representante" dos valores patriarcais napoleônicos que fazem dos Estados Nacionais Burguês históricos violentadores de oprimidos é que o ato de Kahn, algo que seu advogado chamou de “estupro consentido”, também nos lembra a histórica invasão e subjugação da Argélia, país africano e de maioria islâmica, que por "curiosa coincidência" possui similaridades com Nafissatou Diallo, uma mulher africana e muçulmana.
Em sua condição de "colonizador" Strauss-Kahn não encontrava motivos para não subjulgar Nafissatou Diallo, todavia, ele não contava com o fato da história se repetir, assim como fez a Argélia contra a França, Nafissatou Diallo também reagiu se insubordinado contra o todo o fálico poder de Kahn. Ela até poderia não saber quem ele era, mas sabia que sendo hospede do Sofitel ele era muito rico. Tão "curioso" é o fato de que a jornalista Tristane Banon não teve coragem de fazer de se insubordinar contra seu próprio "país". E a grande resposta para isso é que, segundo a porta-voz do grupo “Ousar o Feminismo”, Caroline Haas, em entrevista ao jornal Le Monde, “há cada ano na França, pelo menos, 75 mil mulheres vítimas de estupro”, ou seja, diferente do que afirmou a colunista Ruth de Aquino em seu artigo citado (que o "sexo oral na França é tãopopular que" poderia ser um ato "banal"* para DSK por ser francês), o estupro (assim como a prostituição vide o famigerado Berlusconi) sempre foi um instrumento de poder agregado as práticas dos Estados Patriarcais. Tanto é assim que no momento em que estava prestes a ser preso, pouco tempo após ter violentado Nafissatou Diallo, o nojento do Dominique Strauss-Kahn declarou em voz alta "QUE BELO TRASEIRO" para a aeromoça do avião de lhe levaria de volta para casa (saibam que o auspicioso governo francês já declarou "aceitar" que Straus Kahn cumpra sua possivel pena na França).
No final das contas, até o momento, para quem tem o verdadeiro phalo do capitalismo para quê ter que voltar pra casa, se você pode pagar 1milhão de dólares para ficar num ótimo hotel com outras "jeitosas" camareiras? Esperamos apenas que todas estas mulheres sejam tão valentes como foi Nafissatou Diallo.
Viva Nafissatou Diallo e Viva o Movimento Feminista
Texto Ana Clara Marques e Patrick Monteiro
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*O termo "Banal" fomos nos quem adjetivamos por interpretação da análise do discurso e este não consta no artigo da jornalista cita.

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