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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

SÍNTESE: ESCRAVIDÃO E RESISTÊNCIA


A ÁFRICA E O TRÁFICO NEGREIRO

A vida das sociedades africanas alterou-se com a chegada dos europeus no século XV. Os primeiros a desembarcar foram os portugueses, que construíram feitorias ao longo do litoral e procuraram monopolizar a rede comercial africana. Em troca de ouro, marfim e escravos, os portugueses ofereciam tecidos, metais, ferramentas, aguardente, cavalos e armas.
No início eram os mercadores portugueses que capturavam os africanos. Depois, os próprios chefes africanos passaram a organizar violentas entradas no interior, para capturar africanos de tribos inimigas. Capturavam um elevado número de homens, mulheres e crianças, que eram acorrentados e chegavam às feitorias no litoral para esperar o embarque.


A TRAVESSIA E A VENDA NA AMÉRICA

A duração da travessia variava de acordo com o ponto de chegada: cerca de 35 dias para o Recife e de 60 para o Rio de Janeiro. As condições da viagem eram péssimas e, por isso, o índice de mortalidade era elevado. Isso explica por que, no século XIX, os navios negreiros foram chamados de tumbeiros, uma alusão às tumbas, sepulturas. Nos mercados próximos aos portos de desembarque, a população negra era exposta para ser comercializada. Os preços variavam de acordo com o sexo, a idade e as condições físicas.

A VIOLÊNCIA CONTRA O ESCRAVO

Além dos trabalhos forçados, castigos eram aplicados para controlar e reprimir os escravos nas fazendas. Eram utilizados instrumentos, tais como: chicotes, troncos, gargalheiras, máscara de flandres, algemas, correntes, palmatória. Os cativos que haviam fugido e eram capturados pelos capitães-do-mato tinham que usar gargalheiras ou então, eram marcados com a letra F de fujão, com ferro em brasa.

A RESISTÊNCIA

Os africanos resistiam à crueldade da escravidão usando meios pacíficos ou violentos.
Muitos evitavam ter filhos ou entravam em estado de profunda tristeza (chamado banzo), que muitas vezes os levava à morte.
Também resistiam de modo mais direto como roubar os pertences do senhor, assassinar feitores, capitães-do-mato e familiares do senhor.
A mais significativa forma de resistência era a fuga. Porém, nem todo escravo era bem-sucedido. Um capitão-do-mato podia capturá-lo, ou uma autoridade desconfiar da sua condição de livre e devolvê-lo ao seu dono. Boa parte dos que conseguiam fugir, embrenhavam-se nos matos e formavam quilombos, ou seja, aldeias de escravos fugidos. Também chamados de mocambos, os quilombos eram aldeias fortificadas que reuniam escravos fugidos, índios, escravos alforriados e brancos pobres.
O quilombo mais conhecido foi o Quilombo dos Palmares (em terras localizadas onde hoje é o estado de Alagoas). Zumbi foi o mais famoso chefe desse quilombo, por isso se tornou um símbolo para a cultura afro-brasileira.

TROCAS E CONFLITOS

A CONVIVÊNCIA ENTRE SENHORES E ESCRAVOS

Depois de estudar a sociedade nordestina do período colonial, o sociólogo pernambucano Gilberto Freyre concluiu que, apesar da violência que a escravidão representou, teria havido mais integração que conflito entre senhores e escravos. Exemplos: os filhos dos senhores brincavam com crianças negras, muitas vezes crianças brancas dividiam o leite materno com crianças negras, pois era comum a presença da ama-de-leite entre as famílias coloniais.

UMA SOCIEDADE MISCIGENADA – Outro exemplo da integração racial seria o grande número de mestiços. Foi comum a prática de homens brancos, inclusive proprietários de terras, manterem relações sexuais com negras ou mulatas, as quais geravam filhos.
Alguns desses filhos eram reconhecidos pelo pai como filhos, outros recebiam alforria (liberdade) por meio do testamento deixado pelo pai. Documentos também comprovam que alguns senhores se casavam com escravas ou forras.
Gilberto Freyre defendeu que no Brasil houve uma integração racial que não se verificou em outros lugares da América.

SINCRETISMO RELIGIOSO – Na América, santos católicos foram associados a deuses das religiões africanas, resultando em uma nova tradição religiosa.
A religião dos africanos era vista pelos católicos como feitiçaria. Para evitar pressões da Igreja e ocultar as divindades a quem dirigiam as preces e agradecimentos, os escravos negros passaram a associar cada divindade do candomblé a um santo católico. O sincretismo, portanto, foi um modo que os escravos negros encontraram para preservar, ao menos em parte, as suas tradições.

UM MUNDO DE OPOSTOS

Historiadores como Jacob Gorender discordam do sociólogo pernambucano Gilberto Freyre. Eles não negam as trocas culturais entre negros e brancos, mas afirmam que essa visão esconde o traço mais importante: a exploração e a dominação.
A legislação proibia que um senhor matasse, mutilasse ou castigasse demasiadamente um escravo, mas essas práticas eram comuns. O grande número de mestiços revelaria também a violência que os senhores exerciam sobre as escravas.
Muitos senhores jamais reconheceram seus filhos nascidos de uma escrava, mantendo-os na condição de cativos.

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