Campo de estudos é fundamental para a construção do conhecimento histórico e também da consciência cidadã de todos os alunos
Por um longo e tenebroso inverno, o ensino de história foi tema pouco ou nunca discutido nas principais faculdades de história do país. Para muitos historiadores, a “verdadeira história” estava nos documentos, depositada em arquivos à espera de um pesquisador. Nos últimos anos, no entanto, esse cenário mudou. Hoje, o ensino de história passou a ser encarado com seriedade e tem sido tema de discussão em diversos espaços acadêmicos, não raro com a participação de grandes nomes da historiografia brasileira. Professores e pesquisadores sabem hoje que o ensino da história é muito mais do que uma formalidade educacional, mas sim um campo profícuo de investigações, de lutas simbólicas e, sobretudo, de renovação do saber histórico.
Ensinar História, nos últimos anos, vem sendo ainda sinônimo de diálogo com as novas teorias pedagógicas e com as novas teorias críticas do conhecimento. Quando um professor discute história com os seus alunos, há na sala de aula mais do que a simples transmissão de um conhecimento, mas um processo de ensino-aprendizagem que pode tanto cristalizar quando desconstruir acontecimentos, personagens e conceitos poderosos para a construção do estudante no mundo. Desta forma, discutir ensino de história é o mesmo que discutir propostas curriculares que estabelecem não só as diretrizes de uma cultura em torno da história como também as bases que subsidiam a consciência cidadã.
Leiam a entrevista com a historiadora Mary Del Priore, autora inúmeras vezes premiada e professora universitária. A entrevista foi concedida à revista “Educar para Crescer”, http://educarparacrescer.abril.com.br/politica-publica/entrevista-mary-del-priore-428001.shtml em maio de 2009. Nela, Priore fala sobre o estado da educação no Brasil, sobre sua vida estudantil e, claro, sobre ensino de história.
Abaixo, segue um pequeno trecho dessa entrevista:
"(...) a História renunciou a encarar os problemas do ensino, transformando-o numa produção sem encanto. Tudo indica uma extraordinária degradação dos programas de História nas escolas, sem que seja dado um grito de alarme e resistência. Tais alunos seguem para os cursos de humanas caminhando na direção de um futuro sem futuro. Sua empregabilidade é baixa. Sua cidadania econômica, pior ainda. E eu não tenho ouvido manifestações de grandes e renomados historiadores, em passado recente ou agora, em defesa da escola e do ensino de História."
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