A violência que grassa os pátios e as imediações das escolas vem causando temor em parte dos educadores, muitos se perguntam quando cessará as notícias nas páginas policiais envolvendo estudantes.Agora surgem notícias de projetos de lei criando um Conselho Estadual de Segurança para o combate á violência nas escolas, mas será que a violência escolar é mesmo caso de polícia? Qual é a violência em que a polícia deve interferir? Qual o tipo de violência é essa no qual o conselho de segurança quer interferir? Será que não temos instituições que poderiam solucionar o problema?
Fala-se de violência escolar como se todo e qualquer ato contrário ás normas escolares fossem atos de violência, mas não são, há uma confusão entre descumprimento das normas disciplinares e violência escolar. Há três dimensões de violência nas escolas, a primeira refere-se à degradação do ambiente escolar, o vandalismo, as depredações, etc; a segunda refere-se a uma violência que se origina de fora para dentro da escola e a terceira refere-se a um componente interno das escolas, o ambiente de cada estabelecimento.
Na primeira dimensão da violência escolar devemos levar em conta o que originou as depredações e os atos de vandalismos, quem os praticou e qual o objetivo simbólico do ato e como o corpo discente se comportou mediante o fato. Na segunda dimensão, se devem observar quais são os elementos estranhos à comunidade escolar que a estão invadindo, quais são seus objetivos e como impedi-los de adentrarem a escola. Nessa segunda dimensão da violência, deve-se buscar na comunidade e no estado (polícia) reforço para que as invasões e de entradas de pessoas estranhas não atrapalhem o ambiente escolar. Na terceira dimensão, há de se considerar como a escola tem se organizado para atender os anseios de seus alunos, como tem se aberto para a comunidade, qual o envolvimento dos professores com a comunidade para o qual eles trabalham, se o corpo técnico pedagógico forma um grupo consistente, onde os problemas são discutidos e procuram-se soluções, ou, se há troca de professores todos os anos, o que não permite criar um elo entre a escola e a comunidade, ou pior, não se permite concluir um planejamento de longo prazo.
Existe uma alternativa à vigilância e punição imposta pela escola, chama-se acompanhamento e atenção diferenciada, mas aí perguntariam: quem faria isso? O professor mal consegue dar atenção para todos os 35 alunos em média na sala de aula, imaginem uma atenção especial? Então a solução não está em sala de aula, não está só no diretor, nem no corpo administrativo e pedagógico, mas sim na união de todos através de projetos pedagógicos que envolvam a todos os participantes da escola. A solução está em um maior envolvimento da comunidade (através dos segmentos organizados), numa gestão escolar democrática (com eleições em todas as escolas para diretores), na formação de equipes escolares e não em grupos de professores que trabalhem junto um ano e no ano seguinte desfaçam o grupo, na presença dos pais nas escolas(não somente para as reuniões, mas no dia-a-dia, acompanhando desde a merenda, o recreio, auxiliando nas festividades, nas comemorações, na prática de esportes, etc), nos conselhos escolares(que devem assumir suas responsabilidades e procurar realmente resolver os problemas e não adia-los), no poder público em auxiliar através de políticas públicas incentivadoras de desenvolvimento local, como atividades comunitárias onde o jovem tenha envolvimento e seja útil, na formação de uma consciência política transformadora da sociedade. As instituições que existem hoje resolvem qualquer dimensão da violência, basta que funcionem, ou melhor, que as deixem funcionar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário