Racismo é palavra impositiva carregada de significados, gentes, modos e ideologia.
Há séculos que o povo afro descendente vive condicionado a uma leitura estreita da identidade étnica, a partir dos estereótipos construídos e naturalizados pelas palavras composta de intenções malévolas.
As terras de Cabral, por excelência, não permitem a quebra da hegemonia eurocêntrica no centralismo do poder, como a querer abdicar de uma história incômoda, visando a desafricanização da sociedade brasileira.
O ministro Joaquim Barbosa incomoda muita gente e ter a história de Áfricas na pele, em um país extremamente racista como o Brasil, incomoda muito mais.
A condição que o ministro Joaquim Barbosa hoje ocupa na hierarquia política do país etnicista, possibilita, no imaginário social, a mobilidade do povo de pele preta para além dos navios negreiros.
É como um novo grito de independência. Sim, nós chegamos vamos ocupar o nosso lugar! São dias de fico. Como já bem o disse o imperador. Sim, nós podemos! Como reafirma o presidente negro.
O empresário e deputado federal Júlio Campos (DEM) ao se referir a um ministro do Supremo Tribunal Federal de “ilustre-magistrado-moreno-escuro”, além de corroborar com a veiculação de conotações racistas, mostra um flagrante desrespeito a um ministro do Supremo Tribunal Federal.
O DEM é o mesmo partido do deputado Demóstenes Torres (DEM-GO), que afirmou que o estupro das mulheres negras e indígenas na colonização das terras de Cabral “se deu de forma muito mais consensual”.
Casa Grande x Senzala?
“O racismo tem sempre a desculpa de não-é-isso-que-quis-dizer”, mas diz em fartas, contundentes e pontiagudas expressões com alvo certo.
Já pensou se o nobre deputado esquece o nome da presidenta?
A raiz do preconceito é o medo de perdermos espaços para o outro que consideramos desigual
O racismo é invejoso dos lugares de poder que o povo de pele preta ou parda vem sistematicamente e persistentemente ocupando. Mesmo que ainda sejamos só um.
O ministro Joaquim Barbosa ocupa lugares reservados freqüentemente a elite dita branca nas terras de Cabral, e continuadamente tem recebido recados cifrados ou nem tanto: Este não é o seu lugar!
Para a Sua Excelência “aquele-que-disse-por-não-lembrar-naquele-momento-o-nome –do-magistrado”, as amplas maiorias minorizadas, dentre elas a população de pele parda ou preta, resume-se a uma coletividade anônima fulanizada por essa invisibilidade.
Joaquim Barbosa arca com o peso de ter rompido com a colonização de espaços secularmente construídos para abrigar personagens determinados pela história.
Precisamos de mais gente para reger essa orquestra.
Teremos?
Arísia Barros
Fonte: http://www.cadaminuto.com.br/blog/raizes-da-africa
Nenhum comentário:
Postar um comentário