Texto de até 30 linhas vale metade na média das escolas no Enem; pesquisadores discordam de cálculo do MEC
Thiago Amaral/Folhapress |
Alunos em aula no Dom Barreto, segundo lugar em ranking das
melhores em redação
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO
Pesquisadores em avaliação educacional discordam da forma como o Ministério da Educação calcula as médias das escolas no Enem. Para eles, há peso excessivo à redação, em detrimento do restante do conteúdo.
Na última segunda-feira, o desempenho de quase 20 mil colégios de ensino médio, públicos e privados, foi divulgado. Um dos indicadores apresentados é a média total, calculada pelo Inep (instituição de pesquisas da pasta).
Nele, a redação vale metade. A outra vem dos 180 testes de linguagem (português), matemática, ciências humanas (como história) e da natureza (como biologia).
A reportagem ouviu pesquisadores; a maioria discorda da metodologia do MEC, a exemplo do diretor do Grupo Etapa, Carlos Eduardo Bindi, no artigo "Critérios do Enem prejudicam São Paulo", publicado ontem na seção Tendências/Debates da Folha.
Segundo o Inep, a metodologia -usada desde 2008, quando o Enem tinha 63 testes e redação- foi mantida para que fosse possível avaliar a evolução do indicador.
As principais críticas dos pesquisadores foram a desproporção dos pesos e a diferença na confiabilidade da correção entre as provas. Testes são corrigidos eletronicamente; redações, por bancas.
Das 20 melhores escolas na média total, dez não estariam na lista se apenas a prova objetiva fosse considerada.
Porém, na análise dos quase 20 mil colégios, a maioria das escolas com boas notas nos testes também foram bem na redação, mostra levantamento do pesquisador Ocimar Alavarse, da USP, que defende mudança no cálculo.
Tufi Machado Soares, da federal de Juiz de Fora, entende que o peso para a redação deve ser menor, pois a precisão na correção é menor.
Eduardo Andrade, do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), defende que o Inep faça estudo para saber se a redação (e outras áreas) está selecionando bem os alunos.
Uma sugestão dada por parte dos analistas é que a redação e cada uma das quatro provas tenham pesos iguais.
Também do Insper, o pesquisador Naercio Aquino Menezes Filho não vê problemas na divulgação da média. "O MEC mostra notas de cada escola por cada área. Os pais podem procurar no site do Inep os dados", afirma.
A diretora de avaliação da educação básica do Inep, Maria Tereza Serrano, diz que "sempre há juízo de valor" ao montar índices assim. "Pode-se argumentar que a redação é tão importante que merece peso igual." Ela, porém, diz que pode haver mudança.
O ministro Fernando Haddad disse que não cabe ao MEC a definição dos pesos e sim aos técnicos do Inep. No Prouni, a redação vale 20%.
Blog: Conteúdo Livre
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FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO
Pesquisadores em avaliação educacional discordam da forma como o Ministério da Educação calcula as médias das escolas no Enem. Para eles, há peso excessivo à redação, em detrimento do restante do conteúdo.
Na última segunda-feira, o desempenho de quase 20 mil colégios de ensino médio, públicos e privados, foi divulgado. Um dos indicadores apresentados é a média total, calculada pelo Inep (instituição de pesquisas da pasta).
Nele, a redação vale metade. A outra vem dos 180 testes de linguagem (português), matemática, ciências humanas (como história) e da natureza (como biologia).
A reportagem ouviu pesquisadores; a maioria discorda da metodologia do MEC, a exemplo do diretor do Grupo Etapa, Carlos Eduardo Bindi, no artigo "Critérios do Enem prejudicam São Paulo", publicado ontem na seção Tendências/Debates da Folha.
Segundo o Inep, a metodologia -usada desde 2008, quando o Enem tinha 63 testes e redação- foi mantida para que fosse possível avaliar a evolução do indicador.
As principais críticas dos pesquisadores foram a desproporção dos pesos e a diferença na confiabilidade da correção entre as provas. Testes são corrigidos eletronicamente; redações, por bancas.
Das 20 melhores escolas na média total, dez não estariam na lista se apenas a prova objetiva fosse considerada.
Porém, na análise dos quase 20 mil colégios, a maioria das escolas com boas notas nos testes também foram bem na redação, mostra levantamento do pesquisador Ocimar Alavarse, da USP, que defende mudança no cálculo.
Tufi Machado Soares, da federal de Juiz de Fora, entende que o peso para a redação deve ser menor, pois a precisão na correção é menor.
Eduardo Andrade, do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), defende que o Inep faça estudo para saber se a redação (e outras áreas) está selecionando bem os alunos.
Uma sugestão dada por parte dos analistas é que a redação e cada uma das quatro provas tenham pesos iguais.
Também do Insper, o pesquisador Naercio Aquino Menezes Filho não vê problemas na divulgação da média. "O MEC mostra notas de cada escola por cada área. Os pais podem procurar no site do Inep os dados", afirma.
A diretora de avaliação da educação básica do Inep, Maria Tereza Serrano, diz que "sempre há juízo de valor" ao montar índices assim. "Pode-se argumentar que a redação é tão importante que merece peso igual." Ela, porém, diz que pode haver mudança.
O ministro Fernando Haddad disse que não cabe ao MEC a definição dos pesos e sim aos técnicos do Inep. No Prouni, a redação vale 20%.
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