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domingo, 29 de janeiro de 2012

A dívida do Brasil com a África

Assim como a “invisibilidade” dos negros e das comunidades quilombolas constituiu um traço histórico marcante da realidade racial no Brasil, a invisibilidade do crime de lesa-humanidade praticado por traficantes brasileiros permanece ignorada até o presente.

O vendedor de leite

Discutir a escravização de negros no país é direito de uma sociedade de maioria afrodescendente

Foto: Jean Batiste Debret/Reprodução

O presente artigo tem por objetivo chamar a atenção sobre a atualidade política do regime escravista no Brasil e a responsabilidade histórica do Estado no tráfico transatlântico de escravos e na escravização de africanos ao arrepio da lei durante o Império. Com efeito, após a promulgação da lei de 1831, que proibia o tráfico de africanos para o Brasil e a escravização após a data, o país independente permitiu sua continuidade. De navios negreiros portando bandeira brasileira, ainda desembarcaram e foram escravizados 760 mil africanos, segundo estimativa de Alencastro (2010), e traficantes e senhores de escravos tiveram assegurada sua impunidade durante décadas, subjugando ilegalmente gerações de escravos até 1888.

Essa impunidade fundadora das elites imperiais tem reflexos na estrutura social e em formas de dominação política que prevalecem até os dias atuais. Assim como a “invisibilidade” dos negros e das comunidades quilombolas constituiu um traço histórico marcante da realidade racial no Brasil, a invisibilidade do crime de lesa-humanidade praticado por traficantes brasileiros permanece grandemente ignorada até o presente. Nesses tempos em que se reconhece e se discute o direito à memória e à verdade acerca das violações de direitos humanos nos períodos ditatoriais recentes, a Nação precisa tornar-se ciente de que o tráfico abjeto e o regime escravista foram em larga medida obra de nossos conterrâneos.

Hoje, esse salto evolutivo em nossa memória histórica é não somente necessário, mas emergente, graças à amplitude e lucidez da nova política africana desencadeada pelo governo Lula, o “mais africano dos presidentes”, no dizer do ex-ministro de Relações Exteriores Celso Amorim. Em 2011, comemoram-se dez anos da Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e as Formas Conexas de Intolerância, realizada em Durban, na nova África do Sul, em agosto e setembro de 2001. Em sua memorável resolução final, a conferência reconheceu que “a escravidão e o tráfico de escravos, incluindo o tráfico transatlântico de escravos, foram tragédias terríveis na história da humanidade, não apenas por sua barbárie abominável, mas também em termos de sua magnitude, natureza de organização e, especialmente, pela negação da essência das vítimas”; reconheceu ainda que “a escravidão e o tráfico de escravos são crimes contra a humanidade e assim devem sempre ser considerados, especialmente o tráfico transatlântico de escravos, estando entre as maiores manifestações e fontes de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata...” Durban foi um marco que galvanizou em todo o mundo novos entendimentos e posturas, bem como movimentos sociais e políticas públicas sobre a problemática racial, particularmente com respeito aos afrodescendentes, como bem o ilustra a proclamação de 2011 como o Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Tudo isso é imensamente relevante em nosso país. Com efeito, segundo projeções do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), devido à diferença nas taxas de fecundidade entre população branca e não branca, em 2050 três quartos da população brasileira será constituída por negros e pardos. O Brasil, este povo majoritariamente afrodescendente, tem o direito de conhecer toda a verdade sobre sua história. Ao fazê-lo, deverá reconhecer sua dívida com respeito à África, independentemente do colonialismo europeu, do qual os dois continentes foram vítimas, mas pela participação direta do Estado, pós-Independência, na pilhagem da África.

A longa abolição da escravatura

O Brasil foi o último país das Américas a libertar efetivamente seus escravos. No entanto, após a firma do tratado anglo-brasileiro de 1826, em troca do reconhecimento pelo Reino Unido da independência do Brasil, foi aprovada pela Câmara de Deputados do Império e promulgada em 1831, durante a Regência, uma lei que abolia o tráfico de escravos. Apesar dessa lei, que está na origem da expressão popular “para inglês ver”, os chamados negreiros brasileiros prosseguiram com o tráfico, servindo-se de uma rede de agentes instalados ao longo de toda a costa ocidental da África. Na verdade, com a abolição do trabalho escravo nos Estados Unidos, após a guerra da independência, o tráfico negreiro brasileiro ganhou inclusive um novo impulso, sem a concorrência de seus congêneres do Norte.

Além do tráfico, a lei de 1831 proibia a própria escravização, não somente assegurando plena liberdade aos africanos introduzidos no país após essa data como considerando sequestradores seus eventuais proprietários, sujeitos a sanções penais. Por “reduzir à escravidão a pessoa livre que se achar em posse de sua liberdade”, o Código em vigor à época impunha aos infratores uma pena pecuniária e o reembolso das despesas com o reenvio do africano sequestrado para qualquer porto da África.

Pouco depois, em 1845, o governo britânico decretou o Bill Aberdeen, que proibia o tráfico de escravos entre a Europa e as Américas e autorizava a Marinha a aprisionar navios negreiros, mesmo, no caso, quando navegassem em águas territoriais brasileiras, provocando pânico, segundo se diz, em traficantes e proprietários de escravos e de terras no Brasil. Para a Grã-Bretanha, potência hegemônica no período, o tráfico tinha deixado de ser rentável, tornando-se um obstáculo a suas necessidades de expansão imperialista e de conquista de novos mercados, embora suas reais motivações se ocultassem sob o véu de razões filosóficas e humanitárias.

Apesar do forte sentimento antibritânico gerado na alta sociedade imperial, o governo brasileiro viu-se obrigado a aprovar uma nova lei em 1850, dita lei Euzébio de Queiroz, que extinguia o tráfico transatlântico para o Brasil e autorizava a apreensão dos negros “boçais”, assim chamados os escravos recém-chegados que não dominavam o português. Mas, em contrapartida, a lei ignorava os escravos que haviam chegado ao país desde o tratado de 1826 e a lei de 1831, concedendo, de certa forma, um indulto aos infratores.

Com esse gesto inaugural de impunidade, que se incrustaria a posteriori na sociedade brasileira, o governo “anistiava”, a partir de 1850, os culpados pelo crime de sequestro de africanos, fazendo vistas grossas ao crime correlato de escravização de pessoas livres. Com isso, os quase 800 mil africanos desembarcados até 1856 – e a totalidade de seus descendentes – foram mantidos ilegalmente na escravidão até 1888, ao mesmo tempo em que aumentava o tráfico interno em direção ao Sudeste e ao Sul, que ganhavam novo dinamismo econômico em detrimento do Nordeste. Assim, boa parte das últimas gerações de seres humanos escravizados no Brasil não era escrava de jure. Ou seja, o tráfico de escravos e a escravização de africanos durante o Império não eram somente condenáveis no plano ético: eram atos ilegais cometidos pelas elites brasileiras, que permaneceram ocultos e impunes nas dobras da história dos vencedores. Paralelamente, a elevada concentração fundiária ganhava por essa via uma sobrevida e se consolidava, reforçando os fundamentos da desigualdade racial no Brasil.
Praia dos Mineiros
O Brasil e o tráfico negreiro

O tráfico negreiro com destino ao Brasil sempre teve uma dinâmica própria. Desde o século 17 era gerido a partir de portos brasileiros, isto é, os grandes traficantes que garantiam a reprodução do sistema escravista no país estavam sediados em Recife, Salvador e Rio de Janeiro, e não em Lisboa. A partir de 1831, passou integralmente ao controle de traficantes brasileiros e seus agentes em portos da África Ocidental. Os escravos eram trazidos, acorrentados, em navios negreiros com a bandeira brasileira hasteada.1

No Império, os traficantes eram considerados empresários de sucesso e possuíam um status social elevado, armando embarcações com destino à África, servindo-se de uma rede de fornecedores e agentes comerciais em vários países e empregando muitas pessoas. Até 1831 estiveram entre os homens mais ricos do Império, com ligações estreitas com a Corte e representantes na Câmara de Deputados, além de contar com a conivência da polícia e das autoridades locais. Somente após 1850, com a Lei Euzébio de Queiroz, começaram a ser qualificados como “piratas”, tendo muitas vezes de fugir para o exterior.

No entanto, sob a proteção dos latifundiários, que como compradores de escravos jamais foram punidos, foram autorizados a voltar a viver no país já nos anos 1860 e incentivados a aplicar suas fortunas em outros negócios, como a agricultura. De certa forma, portanto, a participação de brasileiros no tráfico negreiro e as benesses que receberam fazem parte de um processo que ajudou a plasmar as elites do país nas entranhas da sociedade escravocrata brasileira.

Segundo Alencastro, “do total de cerca de 11 milhões de africanos deportados e chegados vivos nas Américas, 44% (perto de 5 milhões) vieram para o território brasileiro em um período de três séculos (1550-1856)”. Somente após 1808, com a chegada da família real ao Brasil, teria desembarcado mais de 1,4 milhão de escravos, aproximadamente um terço do total de africanos escravizados que aqui aportaram.

Grande parte da decantada prosperidade econômica do Brasil imperial se baseou nesses enormes contingentes de escravos desembarcados durante o século 19. Para citar um único exemplo, à persistência da escravatura se deveu o arranque da cafeicultura no Vale do Ribeira, em São Paulo, que converteu o Brasil no maior produtor mundial do grão e viabilizou ulteriormente a industrialização do país.

O tráfico negreiro e o trabalho escravo no Brasil contribuíram poderosamente para a acumulação mundial de capital e a expansão econômica europeia, tornando rentável a colonização da África. Em contrapartida, o continente ficou estagnado, com grande parte de sua população dizimada ou deportada e com suas sociedades desestruturadas, ao mesmo tempo em que se acentuavam os conflitos internos e as migrações massivas.

O caso de Luanda, bem documentado, ilustra as mudanças provocadas pelo tráfico nas sociedades africanas. De 1770 a 1840, seu porto permaneceu como o mais importante exportador de escravos da África Ocidental, mantendo-se nessa posição com respeito ao Brasil mesmo após a lei de 1831. Ao longo desse período, a população não só declinou fortemente como sofreu perdas significativas em sua mão de obra produtiva, para atender à demanda brasileira. Esse processo, no entanto, jamais ocorreu sem resistências. Eram frequentes revoltas e fugas de grupos de população vulnerável para o interior e a criação em meados do século 19 de “quilombos” ou “motolos”, que costumavam se armar e atacar a cidade de Luanda.

Essa rapina abjeta de seres humanos reduziu o potencial de desenvolvimento e maculou o ethos civilizatório do qual a África era portadora. Visto da perspectiva do continente africano, o tráfico de escravos não foi, portanto, uma empresa exclusiva de colonizadores europeus, mas também, e diretamente, de traficantes brasileiros atuando com o beneplácito do Estado, quando o país já havia se tornado independente.


A dimensão política de nossa dívida com a África

Quando falamos da dívida brasileira com a África, não devemos restringi-la ao incomensurável aporte dos africanos à construção da nação brasileira ou, muito menos, igualar o país a potência colonizadora. A colonização africana resultou do expansionismo europeu e, dessa perspectiva, tanto Brasil como África padecemos solidariamente dos seus males. Mais precisamente: o Brasil não colonizou a África e nós não temos por que assumir uma responsabilidade histórica que não nos cabe diretamente. A verdadeira dívida brasileira está espelhada no tráfico negreiro realizado por traficantes brasileiros, principalmente ao longo do Império, atuando ilegal e impunemente, sob a égide do Estado, ou seja, refere-se a um período histórico de pouco mais de meio século, num contexto em que o Brasil e outros países do continente americano já haviam deixado de ser colônias, tornando-se independentes.

Com efeito, foram traficantes brasileiros, em associação com grandes latifundiários, ou seja, as elites econômicas imperiais, que tomaram as rédeas do tráfico para o Brasil. Embora o país tenha evoluído, os herdeiros dessas elites, e em alguns casos seus descendentes diretos, continuam tendo um enorme peso na vida política e econômica do país. A atualidade do tráfico negreiro reside, contudo, mais além das chagas sociais que nos legou, no desafio que nos coloca sobre o imperativo de ampliar continuamente nossos horizontes democráticos e construir uma sociedade que respeite a dignidade humana.

A discriminação e o racismo contra o negro no Brasil têm na escravatura sua matriz principal e fundadora. O tráfico necessitava uma justificativa no plano ideológico, que reduzisse o “homem de cor” a um ser inferior, degradado, próprio a ser tratado como uma coisa, uma mercadoria. O racismo cresceu à medida que se expandiu o tráfico negreiro e se incrustou nas instituições brasileiras principalmente a partir do Império. Mesmo depois de abolida a escravidão, prosseguiu e prosperou, como parte de uma cultura dominante abraçada pelo Brasil independente, a mesma que tornou possível e aceitável o saque colonial, o imperialismo e, nos dias atuais, o neocolonialismo. No caso do Brasil, essa cultura ainda dominante se traduz na submissão, com frequência servil, aos interesses das classes dominantes do mundo dito civilizado.

O governo Lula inaugurou uma reviravolta nessa triste herança ao assumir a dívida histórica do Brasil com respeito à África e ao reafirmar, a um só tempo, o peso da África e dos afrodescendentes na formação social brasileira. Contrariando as pretensões primeiro-mundistas das elites tradicionais, pediu publicamente perdão aos africanos e fez da África uma prioridade para a nova inserção internacional do Brasil, mediante uma visão de largo prazo dos interesses nacionais.

Conferiu assim uma nova legitimidade e um cunho popular à política externa brasileira, valorizando o componente africano de nossa sociedade e sua contribuição decisiva para a afirmação de nossa cultura. Para a África, o Brasil do governo Lula tornou-se um poderoso aliado na conquista de maior autonomia e integração, ajudando-a a superar a situação de dependência e marginalização em que se encontra.

No plano interno, contudo, nesses tempos em que se discute o direito à verdade e à memória na perspectiva dos oprimidos, cabe ainda desvendar o quanto a forma que assumiu o escravismo no Brasil determinou seu desenvolvimento ulterior e, em particular, por que o país permanece como a única grande economia agroexportadora que não realizou uma extensa reforma agrária.

O ocultamento da verdade com respeito ao papel de brasileiros no tráfico negreiro contribui também, certamente, para a perpetuação do trabalho escravo no Brasil até o presente, esse crime de lesa-humanidade, considerado imprescritível pela Constituição de 1988. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, de 1995 até agosto de 2010, foram resgatados quase 38 mil escravos. Por sua vez, a Comissão Pastoral da Terra estima que cerca de 25 mil brasileiros se tornam escravos a cada ano, passando a viver em barracões de chão batido, separados da família e subjugados por dívidas impagáveis e crescentes.

Segundo Monteiro Filho, da ONG Repórter Brasil, que se especializou no trabalho escravo contemporâneo, “os empregadores que utilizam mão de obra escrava são, na maioria das vezes, grandes latifundiários (...) quando não são congressistas, membros dos Legislativos estaduais ou do Poder Judiciário”. De acordo com o autor, “a maioria dos casos de utilização de mão de obra escrava é registrada... nas fazendas de gado”. O Brasil, como maior produtor e exportador de carne bovina do mundo e grande produtor agrícola, tem no poderoso agronegócio a marca do trabalho escravo contemporâneo.

Assumir a responsabilidade histórica pela enorme dívida que temos com a África não é, portanto, uma atitude passadista, porém tem um claro rebatimento em componentes estruturais de nossa realidade como nação e em alguns de nossos principais desafios atuais. Esclarecer e discutir esse tema representa um direito da sociedade brasileira e de sua maioria afrodescendente em especial. A política externa e a de cooperação com a África precisam incorporar continuamente tal dimensão como fundamento incontornável de enfoques inovadores e emancipatórios, baseados no respeito à dignidade e à liberdade humana.


Luiz Carlos Fabbri é economista, trabalhou como funcionário internacional em vários países africanos de 1978 a 2000

Matilde Ribeiro é assistente social, foi ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (2003-2008)

Referências
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Amorim, C. “A África tem sede de Brasil.” Revista Carta Capital, 10 de junho de 2011.

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Repórter Brasil. http://www.reporterbrasil.org.br

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Vários autores. Especial A Abolição em Revista, Revista de História da Biblioteca Nacional, Ano 3, nº 32, 2008, pp. 14-27, Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

África - A origem das lutas marciais

África- origem das lutas marciais – a arte do combate em Kush- Núbia o atual Sudâo

Por Malachiyah Ben Ysrayl. Historiador e Hebreu-Israelita

Milhões de africanos na África e nas Américas praticam diversas modalidades de artes marciais, como a luta livre, jiu-jutsi, kung-fu, judô, karatê, Tae Kwon Do, hapkido, aikido, boxe, luta Greco-romana, capoeira, ninjutsi, e outros estilos.

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Os lutadores pretos possuem um número incontável de fãs e nomes marcaram a história do boxe, a exemplo de Mohamed Ali, Mike Tison, Holyfield, George Foreman, entre outros. Atualmente um lutador brasileiro tem levantado as platéias pelo seu estilo e conclusão nos combates do MMA: Anderson Silva.

Se perguntarmos a um jovem preto sobre a origem das lutas marciais, imediatamente ele reportará aos países asiáticos, especialmente a China, Japão e a Coreia. E citará a capoeira como uma luta de origem afro-brasileira.

A maioria dos jovens pretos concordará com estas respostas porque assim aprendeu nos livros didáticos, nas revistas de esportes e nas academias. Inclusive terá como referência histórica as lutas gregas como a matriz, o início no planeta da arte das técnicas de combate. Fato corroborado sempre nos jogos olímpicos que tentam perpetuar o equivoco histórico e lamentavelmente milhões de africanos acreditam nesta falácia.

Como a origem da vida e a civilização se deram no continente africano, todas as ciências lá também surgiram, dentre elas a medicina, filosofia, matemática, astronomia e muitas outras.

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Neste artigo, iremos desmitificar esses ensinamentos e conduzi-lo a uma maravilhosa viagem no tempo para o local da origem das lutas marciais: África.

O erro histórico tem sido corrigido de uma forma eficaz, através de inúmeros documentos recém-descobertos em terras africanas: iconografia, literatura das civilizações do Vale do Nilo, combinada com estudos etnográficos.

A Civilização Kush-Nubia foi o palco das primeiras artes marciais, inúmeros documentos estão sendo estudados no antigo Kemet (nome correto para o antigo Egito) que retratam as artes marciais do povo núbio. Kemeth e Núbia tiveram em muitos períodos da história relações econômicas estáveis e períodos de turbulência política. Acredita-se que a civilização de Kemet se originou de migrações de Kush-Nubia, inclusive muitos deuses cultuados em Kemth foram deuses de Kush-Núbia, o exemplo é a deusa Isis. Apesar da civilização de Kush ter fechado por um grande período as suas fronteiras por Kemth para manter a sua pureza étnica.

As artes marciais surgidas em Kush e posteriormente divulgadas em Kemet possuíam todo um espírito filosófico com técnicas apuradas de respiração.

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As escavações revelaram em monumentos de Kemet as técnicas de combate dos núbios que remontam a 2800 a. C. Uma das interessantes figuras retrata uma vitória de um kemita sobre um lutador núbio.

A luta entre o egípcio e o Núbio é ilustrada da direita para a esquerda em quatro "frames". O egípcio está usando a roupa de um soldado. No segundo quadro, o egípcio tem o seu braço esquerdo sobre e em torno da cabeça do Núbio. Penetrando em um joelho sob seu oponente, o egípcio, simultaneamente, elevadores entre as pernas do núbio, enquanto curiosos em um movimento descendente em sua cabeça. O Núbio é derrubado no chão e colocado de costas, no quadro final. O lutador egípcio está sobre seu adversário com os braços levantado em uma pose tradicional de vitória antes do Faraó.

A civilização grega apropriou-se dos ensinamentos africanos e também as suas técnicas de defesa, tanto assim, que chamou de pankaration (Παγκράτιον), que significa todos os poderes, uma mistura de boxe e luta livre, com golpes e técnicas que incluem socos, chutes, estrangulamentos, agarramentos e imobilizações. Segundo a mitologia helênica, o pankaration eve início com Hercules e Teseu. Os estudos revelam que até a palavra pankaration é de origem africana (Kemeth). O prefixo "pan" significa "todos". O sufixo "ção", ou "ion" denota ação ou estado de ser. O "Krat" porção da palavra define o conceito de "poderes" no pankration. Krat diz respeito aos métodos completos de luta que são exemplificadas pela prática de várias formas de combate. A palavra grega "Krat" pode também referir-se ao agrupamento de três palavras encontradas em um vocabulário antigo de Kemetic.

O sistema de escrita antiga kemita é conhecido como MEdu Neter. Os gregos chamaram de hieróglifos , ou os escritos dos Deuses. No MEdu Neter a palavra "Ka" tem um duplo significado: lidar com o espiritual e o físico. "Ka" significa a energia vital da alma. Observe o conceito e ortografia do Ka no antigo Kemet e as palavras "ki" em japonês, e "chi" em chinês. As três palavras referem-se a uma energia vital interna. Em Kemet, a palavra"Ka" também significa o corpo físico, ou mais precisamente, "o corpo morto".

A palavra "Ra", ou "res" significa acordar, para manter-se acordado, ou para assistir. Ra é também o nome dado ao Sol, que re-se por notícias circulando para voltar a aparecer a cada dia. Ra, a palavra fala de regeneração.

"Te", ou "t" significa mão. No antigo sistema Kemita, "t" era representado por uma mão. A palavra "Te" significa fora, para sair, para emitir, para dar, para definir, ou ao lugar. "Te" denota ação. Além disso, observe que a palavra japonesa para a mão também é "Te".

O Krat no pankration significa poderes e pode ser derivada a partir dos conceitos kemitas mais antigos de Ka (energia física e espiritual vital), ra (a levantar-se, para regenerar), e "Te" (o ato de).

É interessante notar que, no Japão, as palavras Karate (空手), ou Karate Do traduzem o significado de "caminho de mão vazia". Kara significa "vazio" e "Te" |手| | literalmente "mão", é o mesmo em Neter MEdu, como indicado acima. A palavra "do" significa caminho (em chinês é "tao"). Note-se que lendário mestre das artes marciais Masutatsu Oyama escreveu em seu primeiro livro O que é Karatê?, publicado em 1958, que "Os registros mais antigos que temos são de combate desarmados em hieróglifos das pirâmides do Egito ...". Oyama faz referência específica a Beni Hasan como fonte de artes marciais. Da mesma forma, Hawaiian Kenpo Karate, que nasceu Grandmaster Ed Parker , universalmente reconhecido como "Pai do Karate-americano", escreveu em seu primeiro livro "Kenpo Karate - Direito do punho e da mão vazia", que "os registros apresentam ligações do Kenpo Karate (ênfase Mr. Parker ), desde o tempo do Império Egípcio ".

As evidências históricas são fartas e os estudiosos atuais sabem que a luta conhecida como greco-romana está representada em ilustrações nas paredes de tumbas da região do antigo Egito chamado Mahez, que foi renomeado como "Beni Hasan", ou "monte de o filho da família Hasan ". Estas ilustrações apontam para uma ciência bem desenvolvida na Núbia e que atingiu o auge de expressão no Egito. São centenas de pinturas com diversas técnicas de golpes, como chutes, socos, estrangulamentos, uso de bastões, e diversos tipos de arma branca.

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A luta livre núbia é como uma Pedra de Roseta das artes marciais, pois contém as origens e conceitos-chaves para entender as artes marciais que foram desenvolvidos milhares de anos depois, em várias regiões do planeta.

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Detalhe do túmulo de Khety descreve técnicas de bloqueio de luta e articulação.

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Guerreiros Núbios demonstrando chutes e técnicas de finalização (Túmulo de Amenemhat, 12ª Dinastia do Egito.)

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Boxe e faixas personalizadas ( leste da parede do túmulo do governador Khety)

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O uso pela primeira vez de faixas por dois competidores em combate (túmulo de Khety, 11 Dinastia do Egito)

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Lutadores núbios

Há remanescentes destes lutadores africanos?

luta marcial10- Sim, são os Nubas. Vivem nas Montanhas Nuba e estão localizados no sul da Kordofan, cobrindo cerca de 30.000 quilômetros quadrados, aproximadamente do tamanho da Escócia no centro geográfico do Sudão.

A ciência das artes marciais foi modificada pelos povos ocidentais e perdeu muita a sua essência original de justiça, ações corretas e verdade, meditação, concentração na respiração, controle e correta liberação de poderosas forças internas. Com a destruição da biblioteca de Alexandria muitos ensinamentos das artes marciais foram perdidos, mas as escavações nos têm mostrado a veridicidade que todo o conhecimento, e entre eles, a essência das artes marciais, é de origem africana.

Shalom!

Fonte: http://www.geledes.org.br/patrimonio-cultural/artistico-esportivo/esportes/boxe/12788-africa-a-origem-das-lutas-marciais

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

E Dom João disse: Que se abram os Portos!


Em 24 de janeiro de 1808, a Família Real Portuguesa aportava em terras brasileiras. A vinda de D.João VI e sua corte foi um dos grandes incentivadores da independência do Brasil. Tentando escapar da expansão napoleônica, a vinda da Corte motivou a criação de leis que detonaram de uma vez por todas o antigo Pacto Colonial, em que o Brasil só podia fazer comércio com Portugal. Era a chamada Abertura dos Portos às Nações Unidas!

Revolução Francesa. Ascendência de Napoleão Bonaparte ao poder. Bloqueio continental aos ingleses. Crise política na Europa. Esse era o contexto conturbado do início do século XIX. O que poucos poderiam imaginar é que ele culminaria na fuga da Família Real portuguesa e sua enorme corte para as misteriosas terras do Império Português, localizadas abaixo da linha do Equador. Feita às pressas e à surdina, o episódio dividiu as opiniões da Corte e causou certo desgosto aos portugueses mais nacionalistas, que se sentiram abandonados pelo seu monarca e à mercê das tropas napoleônicas.

A Europa vivia uma situação política bastante complicada. De um lado, estava a Inglaterra, a maior potência marítima, em vias de se tornar pioneira na Revolução Industrial. De outro, deparamo-nos com a França, liderada por seu autoproclamado imperador, Napoleão Bonaparte, e responsável pelo controle de grande parte da efervescência revolucionária com a formação de um poderoso exército. Esse poderio bélico permitiu a Bonaparte decretar o famoso Bloqueio Continental, no qual os países da Europa Continental que travassem relações comerciais e políticas com a Inglaterra declaravam guerra contra a França, automaticamente.

O então príncipe regente de Portugal, D. João, ficara encurralado. Cortar relações com os ingleses significaria deixar suas colônias sem a proteção naval que a Inglaterra oferecia e, ainda, ter suas posses ameaçadas por ela. Por outro lado, não cortar relações com o país significaria declarar guerra ao poderoso exército francês. Em uma situação como esta, o que fazer?

Vamos embora para o Brasil!

D. João engoliu o orgulho e se retirou do campo de batalha antes que esta começasse. Em 29 de novembro de 1807, acompanhado por mais de 10 mil pessoas (integrantes de sua Corte), o príncipe regente partiu para terras ultramarinas, aportando em 24 de janeiro de 1808, em Salvador. Secretamente, D. João realizara acordos com os ingleses, prometendo-lhes favorecimento comercial em troca de proteção na vinda ao Brasil. A fuga já havia sido orquestrada alguns meses antes e as tropas francesas já cercavam a Espanha quando o plano fora colocado em prática.

Do ponto de vista brasileiro, a vinda da Família Real fora importantíssima para o processo de independência. Quando chega a Salvador, uma das primeiras decisões tomadas por D. João é a Abertura dos Portos. Em seu decreto, o príncipe regente coloca fim no monopólio português sobre as relações comerciais do Brasil. A partir daí, nossos portos ficaram abertos às “nações amigas”, ou nas entrelinhas, à Inglaterra, que abastecia o território brasileiro com produtos europeus e garantia a sobrevivência de sua produção, tendo em vista que os outros países do Velho Continente estavam sendo sucessivamente ocupados pelas tropas napoleônicas.

Mesmo com o favorecimento da Inglaterra, para muitos historiadores, como Maria Odila da Silva Dias, a abertura dos portos é o evento inicial do processo de independência de nosso país, pois marca a quebra do Pacto Colonial e permite certa autonomia do território em detrimento do controle metropolitano. Com a vinda da corte, há uma inversão de papéis entre metrópole e colônia, já que o centro irradiador do governo passa para o território que antes fora tratado como periferia.

Por outro lado, a quebra do monopólio proporcionou o desenvolvimento de ramos de atividades que, até então, eram proibidos. Além disso, novas leis que estimulavam o comércio começaram a surgir como o alvará de 1º de abril de 1808, que autorizava a abertura de fábricas e manufaturas em todas as partes do Império, revogando o de 5 de janeiro de 1785, que proibia a instalação fabril na colônia. Em 1815, o Brasil passa à categoria de Reino Unido, ligado a Portugal e Algarves.

Sob muitos aspectos, a abertura dos portos se configura como o pontapé inicial para a independência do país, já que desencadeia a seqüência de fatos que levarão à total autonomia do Brasil frente a Portugal. As mudanças ocasionadas com a vinda da corte não tiveram volta. Por exemplo, quando a Família Real se vê obrigada a retornar para a Europa por conta da Revolução Liberal do Porto, a Coroa se esforçará para que o Brasil volte à sua antiga condição colonial, mas isso já não será possível, pois as elites brasileiras haviam tomado gosto pelas liberdades recém-adquiridas e simplesmente não desistiriam delas.

Foi a partir de todo esse contexto de decisões e novas leis que, quatorze anos após a abertura dos portos, o território brasileiro tornava-se independente de Portugal. Mas isso é assunto para outro post.

Fontes utilizadas: Arquivo Nacional

GOMES, Laurentino. “1808 - Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil”. São Paulo: Editora Planeta do Brasil; 1997.

DIAS, Maria Odila da Silva. A Interiorização da Metrópole e Outros Estudos. São Paulo: Alameda Casa Editorial; 2005.


Escrito por Ísis Ridão, assessora especialista de História da Editora Moderna.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Os 50 anos da maior lei brasileira para a educação


Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) completa meio século em plena discussão do novo plano de metas do País para a área

Por Mariana Mandelli

Repleta de emendas e com diversos artigos que não foram cumpridos, a principal lei do Brasil para a educação completou meio século no momento em que o País discute as metas da área para a próxima década por meio do Plano Nacional de Educação(PNE). Foi justamente ela - a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) - que instituiu a criação do plano, em sua última versão.
O ensino supletivo,a obrigatoriedade da matrícula e o atendimento gratuito em creches e pré-escolas, entre outros direitos que hoje fazem parte da vida dos brasileiros,foram garantidos pela LDB,em diversos momentos da história do Brasil.
Há três grandes versões da LDB, sem contar os "remendos" e grandes reformas pelas quais ela passou no decorrer dos anos: 1961, 1971 e 1996 - a mais atual, que está em vigor.
A primeira LDB foi sancionada em 20 de dezembro de 1961, durante o governo João Goulart, A questão, até hoje polêmica, do ensino religioso facultativo no sistema público foi um dos maiores embates. Foram necessários 13 anos de debate para que a primeira revolução educacional do Brasil acontecesse.
"A aprovação da lei de 1961 foi um grande avanço por que a legislação anterior era muito centralizadora.
Não havia nada que competisse aos Estados e municípios", explica Nina Ranieri, vice presidente do Conselho Estadual de Educação de São Paulo.
Apesar do avanço, a lei de 1961 foi considerada uma "meia vitória" - expressão usada na época pelo educador Anísio Teixeira, uma das personalidades mais importantes da história da educação no Brasil, Entre seus maiores gargalos, estão justamente o tímido efeito dos principais ganhos que ela trouxe: pouca autonomia dos municípios (ainda dependentes de Estados e da União) e pouca democratização de oportunidades educacionais na Escola Pública, que permaneceu elitizada.
"Além disso, houve uma fraca expansão dos cursos superiores destinados à formação de professores para a educação básica", lembra Francisco Cordão,membro do Conselho Nacional de Educação(CNE). "Faltou investimento das universidades nesse ponto, embora tenhamos assistido à uma forte expansão do ensino normal, destinado a atuar nas escolas primárias." Remendos. Em 1971, quando a segunda versão da LDB foi aprovada, o Brasil vivia um dos momentos mais críticos de sua história: a ditadura militar, em pleno governo Médici.
É dessa lei artigos como a instituição da educação moral e cívica no currículo.
Ela também valorizava a educação profissional e instituía o ensino obrigatório dos 7 aos 14 anos. Outro ganho, segundo educadores, foi a criação dos supletivos.
"Esta foi a grande inovação promovida pelos militares, que possibilitou amilhares de brasileiros a retomada de seus estudos, tanto na modalidade suplência, para suprir sua escolaridade não concluída na idade própria, quanto nas modalidades de qualificação profissional e aprendizagem", explica Cordão, que defende que essa LDB não deve ser encarada como nova lei, mas como uma reforma da anterior.
Com a redemocratização do Brasil e a Constituição de 1988, veio a necessidade de se garantir novos direitos educacionais. A discussão começou com duas propostas da lei e se arrastou por anos. Só na Câmara dos Deputados, onde foram sugeridas 1.300 emendas,o projeto tramitou por cinco anos.
"Novos tempos". Em 20 de dezembro de 1996, exatos 35 anos após a primeira LDB, ela foi sancionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. O relator foi o senador Darcy Ribeiro - a lei ficou conhecida como "Lei Darcy Ribeiro de Educação Nacional".
Foi essa LDB que debateu a autonomia universitária, discutiu a educação a distância, enxergou a educação infantil como etapa da educação básica e de talhou como o dinheiro para a área deve ser gasto. Há 15 anos em vigor, especialistas discutem se ela ainda é válida (leia mais abaixo).
AS TRÊS VERSÕES
Descentralização do sistema educacional, dando autonomia às redes Liberdade para a escola organizar seu currículo Criação do Conselho Federal de Educação 12% do orçamento da União e 20% dos municípios para a educação Ensino primário, no mínimo, em quatro séries anuais e obrigatório a partir dos 7 anos Ano letivo de 180 dias Para o ensino primário, a formação do docente no ensino normal. Para o médio, cursos de nível superior Ensino religioso facultativo Lei nº 5.692/1971 Criação do ensino supletivo Valorização da educação profissional Matrícula obrigatória dos 7 aos 14 anos de idade Inclusão de Educação Moral e Cívica, Educação Física, Educação Artística e Programa de Saúde no currículo Lei nº 9.394/1996 Inclusão da educação infantil como primeira etapa da educação básica Ensino fundamental de 8 anos obrigatório e gratuito Carga horária mínima de 200 dias letivos ou 800 horas Criação do Plano Nacional de Educação (PNE) União deve gastar no mínimo 18% e, Estados e municípios, no mínimo de 25% de com o ensino público Exigência de formação de nível superior para atuar na educação básica
CONSTRUÇÃO
Não há número oficial sobre a quantidade de emendas e alterações que a última versão da LDB, de 1996, sofreu. Mas ela já foi modificada por pelo menos 28 leis- inclusive em 2011.
Demandas como a obrigatoriedade da matrículados 4 aos 17 anos e o ensino fundamental de nove anos, por exemplo, não constam na lei original - são criações recentes. Outras modificações também estão em discussão hoje no MEC,como o aumento da carga horária e uma nova base curricular.
"O Brasil sempre teve muita lei e pouca sistematização. São muitas as leis, de diversas fontes: governo federal, conselhos nacional e estaduais, decretos, resoluções", explica Nina Ranieri, do Conselho Estadual de Educação de São Paulo. "Essa multiplicidade de fontes cria um em aranhado.
A normatização de forma geral é efêmera, com exceção, é claro, da LDB. Por isso a importância:é uma lei substantiva, com normas e diretrizes." Para alguns especialistas em educação, apesar da evolução - e também da manutenção de alguns gargalos do ensino brasileiro - , a lei de 1996 cabe dentro da realidade do País e,portanto,ainda não chegou o momento de discutir uma nova LDB.
"A lei que temos ainda dá conta.
Ela sofreu emendas positivas que a adaptam às mudanças da vida real.Não precisamos de outra LBD, mas sim da aprovação urgente do Plano Nacional de Educação (PNE)", defende a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda.
A necessidade de aperfeiçoamentos, no entanto, é consenso entre os educadores."A lei precisa de melhorias, mas, mais do que isso, precisa ser cumprida.
Um exemplo é a questão da aplicação dos recursos obrigatórios dos municípios em educação, prevista em artigo,mas é sempre descumprida",afirma Cesar Callegari, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE).
Entre os gargalos visíveis, ele destaca que a LDB poderia ter um caráter mais fiscalizador em relação ao seu descumprimento.
"Ela poderia ao menos repetir o que há em outros dispositivos da legislação que tratam de punições aos agentes públicos que não cumprem a lei", explica.
"Normalmente, é usada a lei de improbidade administrativa." Callegari ainda destaca as exigências de formação superior e dos planos de carreira municipais dos professores como artigos não cumpridos.
Revisão. Já Maria Izabel Noronha, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) e membro do CNE,defende que a lei seja revisada." A lei está em descompasso com a realidade e deve ser contextualizada e reescrita.
Além disso, parece um Frankenstein: está toda remendada", diz ela, autora de um estudo sobre a atual LDB.
Segundo Maria Izabel, um dos tópicos mais problemáticos é a falta de um regime de colaboração entre os entes federativos.
Para a educadora, temas como a educação rural, indígena e quilombola, entre outros,também devem ser rediscutidos.
AS TRÊS VERSÕES
Lei nº 4.024/1961
● Descentralização do sistema educacional, dando autonomia às redes
● Liberdade para a escola organizar seu currículo
● Criação do Conselho Federal de Educação
● 12% do orçamento da União e 20% dos municípios para a educação
● Ensino primário, no mínimo, em quatro séries anuais e obrigatório a partir dos 7 anos
● Ano letivo de 180 dias
● Para o ensino primário, a formação do docente no ensino normal. Para o médio, cursos de nível superior
● Ensino religioso facultativo.
Lei nº 5.692/1971
● Criação do ensino supletivo
● Valorização da educação profissional
● Matrícula obrigatória dos 7 aos 14 anos de idade
● Inclusão de Educação Moral e Cívica, Educação Física, Educação Artística e Programa de Saúde no currículo.

Lei nº 9.394/1996
● Inclusão da educação infantil como primeira etapa da educação básica
● Ensino fundamental de 8 anos obrigatório e gratuito
● Carga horária mínima de 200 dias letivos ou 800 horas
● Criação do Plano Nacional de Educação (PNE)
● União deve gastar no mínimo 18% e, Estados e municípios, no mínimo de 25% de com o ensino público
● Exigência de formação de nível superior para atuar na educação básica.

Conheça um pouco mais acessando: http://educarparacrescer.abril.com.br/politica-publica/lei-diretrizes-bases-349321.shtml

Sessão Especial do filme O Palhaço de Selton Mello


Cine Cena Unijorge e os Professores Ricardo Carvalho e Diana Costa convidam jovens estudantes para Sessão Especial do filme O Palhaço de Selton Mello, venha rir e se emocionar com esse espetáculo.
Dia 25/01 ás 16hs, Shopping Itaigara 2º piso.
Sessão Gratuíta!
Esperamos tod@s vcs lá!!!
Obs: Chegar 30min antes.

domingo, 15 de janeiro de 2012

A Chegada dos Índios ao Brasil

Quando a frota de Pedro Álvares Cabral chegou ao continente americano, em 1500, a região que hoje se chama Brasil era habitada por cerca de 5 milhões de índios. O número foi caindo de forma bastante dramática durante a colonização portuguesa e mesmo no século 20. Hoje estima-se que os índios brasileiros não passem de 325 mil – menos de 0,2% da população brasileira. Os dados mostram que a redução da população indígena foi revertida.

Em 1985, os povos indígenas eram ainda menos numerosos – somavam 220 mil indivíduos, segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio).

Origem

A hipótese mais aceita para explicar a origem dos índios brasileiros é a de que eles são descendentes de povos asiáticos que atravessaram o estreito de Bering há 62 mil anos.Existindo caracteristicas dos Povos Pré-Colombianos.

Eles eram 5 milhões em 1500

Estudos arqueológicos recentes estabelecem a chegada dos primeiros habitantes do Brasil à Bahia e ao Piauí entre 20 mil e 40 mil anos atrás.

É impossível saber com certeza quantos índios habitavam o país quando Pedro Álvares Cabral Cabral aportou no sul da Bahia.

As estimativas variam de 3,5 milhões a 8 milhões, mas o número mais aceito é 5 milhões.

Extermínio

O extermínio da população indígena é atribuído a vários motivos, como a escravidão promovida pelos portugueses, epidemias (foram muitas doenças), deslocamentos, confinamentos e, mais recentemente, conflitos com fazendeiros e garimpeiros e até suicídios.

Em cinco séculos, 700 das 1.200 nações indígenas foram exterminadas. Segundo o antropólogo Darcy Ribeiro, 55 povos desapareceram somente na primeira metade do século 20. Calcula-se que ainda hoje existam cerca de 800 índios que optaram por viver em áreas de difícil acesso, sem contato com a civilização. As frentes de contato mantidas pela Funai confirmaram a existência de apenas 12 dos 53 grupos que se acredita que vivam isolados na região amazônica.

Conheça um pouco mais da História:

Quando os portugueses chegaram ao Brasil, havia cerca de 3 milhões de indígenas, que viviam ainda num processo de transição do paleolítico para o neolítico, dependendo da caça, da pesca ou da prática da coleta, e iniciando uma agricultura, ainda muito rudimentar. Desconheciam o comércio, cada tribo produzindo o necessário para sua própria sobrevivência, sem depender da troca de produtos com outros grupos. Trata-se, por conseguinte, de uma "economia natural" ou "de subsistência". Entre os produtos agrícolas conhecidos pelos nativos encontramos o milho, a batata doce, a mandioca-brava, o aipim, a abóbora, a ervilha, as favas, o cará, a pimenta e o abacaxi. A divisão do trabalho fazia-se, geralmente, através de critérios sexuais ou etários. Desta forma, havia tarefas específicas realizadas pelo homem ou pela mulher, bem como tarefas infantis, adultas e dos velhos.
De uma forma geral, os grupos indígenas são apresentados homogeneamente, ou seja, índio é índio em qualquer lugar. Essa visão superficial sobre o indígena é fruto do preconceito em relação ao nativo, considerado inferior -- não civilizado e pagão -- e a própria dizimação que se seguiu durante séculos, eliminando possibilidades de melhor compreensão de sua cultura e de seu modo de vida. As primeiras análises foram realizadas pelos jesuítas, sem critério científico, dividiram os indígenas em dois grandes grupos: os TUPIS, chamados índios de língua geral; e os TAPUIAS, considerados índios de língua travada.
Se num primeiro momento encontramos descrições de encontros amistosos entre portugueses e indígenas, isso deve-se a três fatores principais: A curiosidade que envolvia os dois lados em relação ao desconhecido e a intenção de conhecer os interesses alheios; o fato de os portugueses não terem ocupado as terras; e a preocupação de passar uma visão positiva do novo mundo para a corte, criando possibilidades de novas expedições e de interesse na colonização.

A TERRA

"Chegando ao Brasil os portugueses entraram em contato com diversas tribos, localizadas na zona litorânea.
Um dos grupos mais importantes foi o dos tupinambás, um dos grandes inimigos da colonização portuguesa. Espalhados por uma parte da costa brasileira, eram encontrados sobretudo na Bahia e no Rio de Janeiro, migrando, mais tarde, para o Maranhão, o Pará e a ilha de Tupinambaranas (Amazonas). Povo extremamente belicoso, a guerra desempenhava papel destacado na sua economia, como fator de "conservação e aumento dos recursos naturais sujeitos ao domínio tribal." Desta forma entraram em conflito com os goitacases, os tupiniquins, os carajás, os caetés, os botocudos, os tupinas, os diversos grupos dos tapuias e, após o início da colonização efetiva do Brasil pelos portugueses (1530), moveram guerra contra estes, sendo expulsos ou aniquilados." Apesar de a Igreja Católica conseguir que os reis de Portugal criassem leis contra a escravidão indígena, essas leis admitiam sempre a situação de "Guerra Justa" que, segundo os portugueses, existiria sempre em que fossem atacados pelos nativos.

O problema agora é saber quem é o agressor. A terra pertence a quem?. Segundo os portugueses a terra pertence agora ao rei e os indígenas devem aceitar a situação de vassalos do rei e da Igreja Católica. Grande parte dos grupos indígenas não aceitou esta situação, sofreram ataques, foram escravizados ou dizimados.
Por que alguns grupos aliaram-se aos portugueses (os Tupiniquins, por exemplo) ? Muitos usam essa "desunião" indígena para justificar a dominação: "Se entre eles não se entendiam...." na verdade são povos diferentes e com interesses conflitantes, pois muitas vezes se chocaram ao disputarem a terra.
O certo é que em um primeiro momento os portugueses estavam muito mais interessados nas "Índias" e não nas terras brasileiras, nesse período é que tivemos a exploração da madeira (pau brasil) com o trabalho indígena: era o escambo, através do qual o indígena entrava com o trabalho e em troca recebia mercadorias, geralmente objetos que sobravam em Portugal.
Conforme iniciou-se a colonização é que ocorreram os conflitos, guerras, iniciando o extermínio. Colonizar o Brasil passou a significar explorar a terra. Exploração essa segundo critérios definidos pelos portugueses, segundo as bases do mercantilismo; portanto, o nativo torna-se um obstáculo à colonização, os portugueses diriam "... um obstáculo a civilização, ao progresso, ao desenvolvimento..." impondo suas concepções.

Fonte: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=15

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Que matérias já foram obrigatórias nas escolas brasileiras?

Por Luiz Fujita


Desde educação moral e cívica até bordado e horticultura, os alunos brasileiros já foram obrigados a estudar todo tipo de coisa na escola. A variedade de matérias adotadas - e descartadas - no currículo é fruto da própria variação do contexto sócio-econômico no país e do direcionamento político dos governos que se sucederam ao longo da história. Vale lembrar que, na verdade, o currículo básico definido pelo governo não é totalmente rígido. Ele estipula o que deve constituir a base do ensino, mas dá certa liberdade para as escolas montarem suas grades. A lei atual, por exemplo, diz que são obrigatórias aulas de educação física. Porém, cada escola pode escolher como serão essas aulas. Assim, enquanto um colégio pode ficar no feijão-com-arroz do futebol e basquete, outro pode optar por esgrima, badminton ou outro esporte diferentão.
PROFESSOR ALOPRADO
Veja algumas das disciplinas mais inusitadas já ensinadas no Brasil
CURSO BÍBLICO (1549-1827)
No Brasil colonial, se nem havia escolas direito, imagine então um currículo! O que rolava de ensino obrigatório era, na verdade, uma catequização. Os padres jesuítas ensinavam doutrina cristã e língua portuguesa aos índios para que, assim, eles pudessem ler a Bíblia e converter-se ao catolicismo.
LÁPIS E BORDADO (1827-1879)
Nesse período, o currículo começou a ter o formato que conhecemos hoje, com aulas de matemática, ciências e ginástica. Porém, a escola refletia o machismo da sociedade: as meninas só aprendiam a ler, a escrever e a fazer as contas básicas de matemática - além disso, tinham aulas de bordado e outras prendas domésticas.
JE SUIS BRÉSILIEN (1890-1946)
Com a República, a influência francesa aumentou e o idioma do biquinho passou a ser obrigatório. Os alunos também passaram a ter aulas"disciplinadoras", como caligrafia, voltadas para difundir entre a população os princípios burgueses de valorização da família e do trabalho para o progresso do país.
TRABALHO INFANTIL (1879-1890)
Na ebulição política que antecedeu a Proclamação da República, o currículo incorporou matérias voltadas para atividades produtivas, como uma espécie de ensino técnico. Havia aulas de noções de lavoura e horticultura, além de marcenaria e economia, para os meninos, e, para as meninas, costura e economia doméstica.
APRENDENDO A NÃO PENSAR... (1946-1986)
Nesse período, as meninas chegaram a ter aulas de puericultura, em que aprendiam a cuidar de bebês. A partir do golpe militar, em 1964, disciplinas reflexivas, como filosofia, cederam lugar para coisas como organização social e política brasileira (OSPB), tudo para formar cidadãos comprometidos com a máquina verde-amarela - mas, claro, que não pensassem muito sobre isso...
BOTANDO PINGOS NOS IS (1986-1996)
A redemocratização do país foi acompanhada de um ajuste no currículo, que ficou mais específico. Por exemplo, no lugar de comunicação e expressão, nasceram português e literatura; em vez de estudos sociais, história e geografia; e a matemática virou matéria própria, destacada do vasto campo das ciências.
PENSO, LOGO, EXISTO (1996-HOJE)
Em tempos de globalização - e pra não ficar no "enrolation" do "la garantia soy jo" -, a galera também passou a aprender ao menos uma língua estrangeira moderna. E, desde 2008, filosofia e sociologia, que haviam sido banidas pelos militares, voltaram ao ensino médio.
O QUE ROLA DE MAIS DIFERENTÃO HOJE
Em colégios no Brasil...
Cansou de futebol nas aulas de educação física? É só ir para Vila Nova do Piauí: nas escolas municipais de lá, os alunos jogam é xadrez! Já em Guaíra e Barretos, cidades do interior de São Paulo, a galera tem aula de cultura pela paz, em que aprendem a ser compreensivos, dialogar com o próximo, controlar as emoções e - ufa! - relaxar...
... e no mundo
Em algumas províncias do Japão, os alunos - todos! - têm aulas de técnicas domésticas básicas, para aprender a cozinhar ou a costurar um botão de calça. Para a turma do paz-e-amor, nas escolas públicas do estado de Himachal, na Índia, é obrigatório praticar ioga. Já em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes, a onda não está tão zen: a galera de lá tem aulas de jiu-jítsu!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A Lavagem do Senhor do Bonfim


Situado numa das regiões mais privilegiadas da cidade, de onde se pode contemplar toda a beleza da Baía de Todos os Santos, o bairro do Bonfim é sinônimo de devoção. Abençoado pela mais querida igreja da Bahia, a Basílica do Senhor do Bomfim, inaugurada em 24 de junho de 1754, o Bonfim revela do alto da Colina Sagrada um contraste entre duas cidades distintas: a do seu entorno, constituída de casas datadas do pós guerra e a da Salvador moderna de “além mar” com seus espigões na Vitória e na Barra. Habitado por um povo apaixonado e orgulhoso, o bairro é o ponto culminante da mais rica celebração religiosa do país, a Lavagem do Bonfim, onde católicos e candombléecistas comungam uma mesma fé. Localizado na Peníssula Itapagipana, entre os bairros da Boa Viagem, Massaranduba e Roma, o Bonfim é um paraíso de tranqüilidade e beleza e, como diz o dito popular, “Quem foi à Bahia e não foi ao Bonfim, não foi à Bahia.

- LAVAGEM DO BONFIM

A procissão de Nosso Senhor do Bonfim e lavagem das escadarias da Igreja é considerada a mais importante das comemorações de largo de Salvador. O cortejo acontece na segunda quinta-feira após o dia de Reis (6 de janeiro). E os festejos religiosos (novena) encerram no domingo após a lavagem. Fogos de artifícios anunciam o início da procissão. O cortejo tem a presença de baianas e fiéis que caminham desde a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia até o adro do Bonfim. No percurso, as baianas carregam água de cheiro, jarros de flores e vassouras. Carroças enfeitadas conduzem os devotos em um percurso de aproximadamente 14 quilômetros. Milhares de pessoas vestem-se de branco para acompanhar o cortejo, em busca de proteção do Santo e das águas perfumadas. Ao chegar, as baianas lavam as escadarias e o adro da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim com água perfumada e jorram a água sobre as cabeças de pessoas que buscam neste banho a purificação do corpo e da alma. Durante o resto do dia muitas pessoas continuam se dirigindo ao Bonfim, em blocos ou seguindo as carroças, e em pequenos veículos com equipamentos sonoros. No Bonfim, a festa prossegue com rodas de capoeira e samba, enquanto nas casas, os visitantes se deliciam com comidas populares, como o caruru, o cozido e a feijoada. Em seu lado religioso, a festa acontece com missas e novenas, durante todo o mês de janeiro, dedicadas ao Senhor do Bonfim, Nossa Senhora da Guia e uma trida de São Gonçalo.

Glória a ti neste dia de glória!!!
A letra e música do Hino ao Senhor do Bonfim foram compostas para a comemoração do centenário da Independência da Bahia, relembrando os feitos heróicos dessa luta que, segundo a fé religiosa dominante, contou com a intercessão do Santo.

Escrito em versos eneassílabos, o Hino foi composto em 1923, a pedido da Comissão Oficial do Centenário – grupo formado por intelectuais e autoridades, a fim de preparar, em Salvador, os festejos alusivos aos 100 anos da vitória do povo baiano sobre o jugo português, nas lutas da Independência da Bahia.

Sua letra evoca um episódio histórico, registrado pelo historiador Santos Titara: a imagem do Senhor do Bonfim havia sido apoderada pelas tropas portuguesas e, quando consolidada a vitória brasileira, foi esta restituída ao templo original, ainda em 1823, em cortejo popular. No centenário, este fato foi redivivo, sendo esta a origem da procissão que, todos os anos, enche de pessoas as ruas da cidade baixa.

História dos Órixas

Um pouco de História Afro-Brasileira...


sábado, 7 de janeiro de 2012

Árabes, muçulmanos e islâmicos - No entanto, o que esses termos significam?




Aqui vemos a cidade de Meca, na Arábia Saudita, considerado o lugar mais sagrado do Islamismo




Se você está atento às notícias na TV, nos jornais ou na internet, principalmente nos assuntos ligados aos conflitos Árabe-Israelenses ou à Guerra do Iraque, entre muitos outros, com certeza já se deparou com termos como árabe, muçulmano ou islâmico. No entanto, o que esses termos significam? Existem diferenças entre eles? Se sim, quais? É justamente essas questões que vamos tentar resolver aqui.



Vamos começar pelo termo islâmico. Esse termo se refere aos seguidores do Islamismo, que é uma religião monoteísta criada no século VII d.c. por Maomé e que hoje conta com seguidores no mundo todo. Portanto, islâmico é todo seguidor da religião Islâmica, assim como os seguidores do Cristianismo são chamados de cristãos e os adeptos do Judaísmo de judeus.

Muçulmano é apenas um sinônimo de islâmico, não havendo nenhuma diferença entre os termos. Portanto, se você ouvir alguém dizer que é muçulmano, isso significa que essa pessoa é islâmica, ou seja, seguidora do Islamismo.



Muçulmanos orando em Cabul, Afeganistão



O termo árabe se refere a uma etnia, ou seja, à etnia árabe, que é caracterizada pela língua árabe. Assim, todos os povos que têm a língua árabe como oficial podem ser chamados de árabes. Como exemplo, podemos citar os iraquianos, os egípcios, os marroquinos, os palestinos, os sauditas, entre muitos outros.



Nós devemos, portanto, ter em mente que islâmico e muçulmano são referentes a uma religião, enquanto árabe é referente a uma etnia. Essa confusão se dá porque a religião islâmica foi criada pelo povo árabe, e entre esse povo o islamismo ganhou muitos adeptos. No entanto, devemos lembrar que nem todo muçulmano (ou islâmico) é árabe. Os turcos, os iranianos e os afegãos são povos muçulmanos, mas não árabes. Isso porque não falam a língua árabe. O país que possui a maior população muçulmana do mundo é a Indonésia, que também não é árabe. Devemos ainda lembrar que na Europa, há diversos povos muçulmanos, como é o caso dos Albaneses, dos Bósnios, dos Chechenos. Além disso, há muitos imigrantes muçulmanos em países como França, Alemanha e Inglaterra.



Agora sabemos que nem todo muçulmano é árabe. No entanto, todo árabe é muçulmano? A resposta para essa pergunta é não. Apesar de a maioria dos povos árabes professarem o islamismo, há o caso do Líbano e da Síria, que apesar de serem países árabes – já que têm o árabe como língua oficial – e terem a maior parte de suas populações seguidoras do Islamismo, os dois países possuem uma expressiva parcela de sua população que é adepta do Cristianismo. Ou seja, nesses países existem muitos árabes que não são muçulmanos, já que não seguem o Islamismo.

Você já sabe, então, que islâmico e muçulmano são palavras sinônimas, mas que, apesar de estarem associadas ao termo árabe, não têm o mesmo significado. Caso você tenha alguma dúvida se determinado povo é ou não árabe, confira em um Atlas Geográfico a língua que eles falam e você terá a resposta.



Vale lembrar ainda que no Brasil, há o costume de referir-se aos imigrantes árabes em geral como turcos, no entanto, isso é um equívoco, uma vez que, como já dissemos, os turcos são muçulmanos, mas não são árabes, uma vez que não falam a língua árabe.



Esse equívoco se deu porque quando os primeiros imigrantes vindos da Síria e do Líbano, países árabes, chegaram ao Brasil, esses países estavam sob o domínio do Império Turco-Otomano, e portanto, esses imigrantes entravam no Brasil registrados como turcos, por isso então criou-se o costume de referir-se a todos esses imigrantes como turcos. No entanto, hoje esses países são independentes, e devemos desfazer esse equívoco, lembrando que um libanês não deve ser chamado de turco, por tratar-se de povos distintos.


Como funcionava o submarino nazista que aterrorizou o litoral brasileiro e matou 597 pessoas na costa do Nordeste


U-507, o algoz do Brasil - Guia do Estudante

Sorriso laminado: aparelho ortodôntico vem do Egito






Corrigir os dentes já era uma preocupação no Egito antigo. Acompanhe a tortuosa história dos aparelhos dentários


Em 1992, pesquisadores ingleses se surpreenderam ao encontrar uma múmia exótica nas margens do rio Nilo, no Egito. A cabeça do cadáver, com idade estimada por arqueólogos entre 3000 e 2500 anos de idade, ostentava uma espécie de aparelho dentário. Era uma tira de metal, que prendia os dentes mais tortos da vaidosa múmia.


Na Grécia antiga, Hipócrates e Aristóteles já teciam conjecturas sobre como corrigir dentes tortos. Para os etruscos, essa preocupação ia mais além: prendiam as arcadas de seus mortos com tocos de madeira para que eles não caíssem no túmulo. Acreditavam que, assim, o falecido manteria um belo sorriso na vida após a morte. Já no século 1 a.C., o fisiologista romano Aurelius Cornelius Celsus escreveu um tratado em que recomendava a pressão dos dedos para corrigir a arcada dentária.


A ortodontia ficou adormecida (como quase tudo o mais) durante a Idade Média. Porém, em 1728, o dentista francês Pierre Fauchard escreveu o livro O Cirurgião Dentista. Nele, dedicou um capítulo inteiro às formas de corrigir os dentes. Fauchard é inventor de um aparelho chamado bandeau (em português, bandô) – uma peça de metal em forma de ferradura de cavalo, que ajudava a expandir a arcada dentária e assim acomodar dentes amontoados uns sobre os outros na boca. O avô do aparelho móvel. Pode ser coincidência, mas data dessa época a expressão “dentes encavalados”.


O marco inicial da ortodontia moderna, contudo, só viria 90 anos depois, quando, em 1819, o doutor francês Gaston Delabarre inventou aquele fio metálico que é fixado entre os dentes. Em 1841, o dentista Joachim Lafoulon criou o termo “ortodontia”. Porém, quem alinhou de vez a nova ciência dos dentes foi o norte-americano Norman W. Kingsley. Em 1880, ele escreveu o Tratado Sobre Deformidades Orais, que exerceu enorme influência até a primeira metade do século 20. O que popularizaria o aparelho dentário, contudo, foi a adoção pelos dentistas do aço inoxidável para fabricação de fios, bandas e braquetes – as três peças que formam o aparelho dentário, o que só veio a ocorrer no fim dos anos 1950.


Até o fim da década de 1970 (quem tem mais de 30 anos lembra), o aparelho dentário era um objeto horroroso, com extensões por fora da boca, conhecidas pelo delicado apelido de estribo. Isso só mudou quando, em 1975, surgiu um adesivo que prendia com sucesso os braquetes diretamente nos dentes. No mesmo ano, um dentista de Beverly Hills, doutor Craven Kurz, inventou o aparelho oculto, cujos braquetes são colados na parte interna da arcada dentária. Sua clientela, formada por artistas de cinema de Hollywood, como a atriz Farrah Fawcett, de As Panteras, incentivou-o a buscar soluções ortodônticas invisíveis. Por fim, em 1997, surgiu o alinhador dentário transparente e removível, criado pela doutora Zia Chishti, também na Califórnia. O provável sonho da múmia egípcia se tornava realidade: sorrir despudoradamente mesmo de aparelho.