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sábado, 10 de abril de 2010
Presidenta da Libéria visita Salvador e oferece cidadania futura aos afro-brasileiros
Ontem, dia 08/04, aconteceu, em Salvador, a conferência Brasil, Libéria e a Diáspora Africana da presidenta da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf. A atividade foi organizada pela Secretaria de Promoção da Igualdade (SEPROMI) e ocorreu no Museu de Ciência e Tecnologia da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) no bairro do Imbuí, em Salvador.
Estavam presentes à mesa oficial o reitor e a vice-reitora da UNEB, Lourisvaldo Valentim e Amélia Maraux, a presidente do Conselho das Comunidades Negras da Bahia (CDCN), Vilma Reis, a professora Iêda Pessoa de Castro e a Secretária de Promoção da Igualdade, Luiza Bairros.
Na oportunidade, a primeira mulher chefe de estado do continente africano ressaltou os laços comuns entre o Brasil e o país africano formado por ex-escravos da diáspora, em especial dos Estados Unidos, no século XIX. A estadista lembrou também que 2010 é o ano do cinqüentenário de independência de muitos países africanos como Togo, Burkina Faso, Chade, Níger, Senegal dentre outros.
Ellen, que é formada em economia pela Universidade Harvard, veio ao Brasil em busca de intercâmbios nas áreas de tecnologia, economia, ciência e educação e pediu aos afro-brasileiros para fazerem parte do desenvolvimento da África “a diáspora é parte dessa família, junte-se a nós”, conclamou a estadista.
Em sua conferência, Ellen Johnson-Sirleaf informou também ao público presente que dentro da União Africana (UA) há um grande debate para que a diáspora negra seja a sexta região geográfica da África e convidou os cidadãos afro-brasileiros a obterem no futuro a cidadania liberiana, uma vez que aquele país, em especial, foi formado por africanos oriundos da diáspora, já havendo, portanto, precedente histórico para tal política. Na década de 60, o primeiro ministro da Etiópia, Haille Salassie, também ofereceu terra para comunidades rastafáris da Jamaica se instalarem em uma região do seu país onde vivem até hoje.
Geopolítica
Ao ser inquirida sobre a situação dos partidos de esquerda no país a presidenta brincou dizendo não saber qual era o partido mais à esquerda do país , “todos são centristas” disse. Não existe “direita ou esquerda quando se quer reconstruir um país”. Johnson-Sirleaf foi eleita com objetivo de resgatar a Libéria de uma situação caótica depois de uma guerra civil que ultrapassou 20 anos. Segundo dados oficiais, cerca de 70% dos liberianos não são alfabetizados.
Quando perguntada sobre Barack Obama e sua política para a África a presidenta afirmou, de maneira cética, que apesar dos avanços dele para o povo estadunidense “ele ainda assim é um americano”. Relativizando a idéia de que ao ser afro-americano teria um outro olhar para o continente africano, a chefe de estado liberiana afirmou “Ele ajuda a África, como ajuda o Haiti ou qualquer país pobre que necessite de apoio”.
Laços ancestrais
Ao final da palestra com a presidente, a Ministra das Relações Exteriores da Libéria, Olubanke King-Akerele, cumprimentou as autoridades religiosas presentes conversando frases curtas em Iorubá e contou à equipe do Correio Nagô que sua filha chama-se “Bahia”, pois o tataravô dela é descendente dos ex-escravizados brasileiros que retornaram para a Nigéria e hoje possuem um bairro em Lagos, o “Brazilian Quartier” , onde celebram a cultura brasileira. “Por esse motivo resolvemos colocar o nome de minha filha, Bahia”, contou emocionada.
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