Por Hermann Hoffman*
Triunfada a Revolução Cubana em 1º de janeiro de 1959 e dois anos depois proclamada como uma Revolução Socialista com o povo assumindo a liderança do poder revolucionário e organizado em batalhões de milícias, garantiam a Cuba a vitória frente numerosas organizações contra revolucionárias ministradas pelos Estados Unidos da América com objetivo de deflagrar a vitória do povo.
Frente a um novo modelo de sociedade com seus desafios particulares, as tarefas não foram fáceis para o aparato burocrático da Revolução, para o povo e seus máximos dirigentes. Como o próprio Comandante Fidel Castro disse: “a partir deste momento não pensem que tudo será mais fácil, pelo contrário, tudo será mais difícil, e não existe outra saída senão lutar”. Foi lutando que Cuba golpeou o analfabetismo que existia.
Se por um lado Cuba triunfou pela batalha das armas, por outro venceu pela batalha do lápis. O ano da Vitória de Praia Girón contra o ataque dos EUA, foi o ano da Vitória da Alfabetização.
José Martí, apóstolo, poeta, pensador e inspirador da Revolução Cubana proferiu muitos antes que uma sociedade alfabetizada é uma sociedade forte e livre e com esta sentença Fidel anunciava ao mundo da decisão de Cuba liquidar o analfabetismo em 1961.
Em 1959 o censo demográfico indicava que em Cuba a população era de 4 milhões 376 mil 529 pessoas e com 1 milhão 32 mil 859 pessoas que não sabiam ler nem escrever, que representava 23,6% de analfabetismo absoluto. Iniciava assim a grande Campanha de Alfabetização. “Foi como um relâmpago, uma luz de saberes ampliada por todo país. A grande Campanha de Alfabetização iluminou a vida de centenas de compatriotas e foi um signo irrefutável que a Revolução – com a própria linguagem de seus atos – era a única carta de triunfo”
Foram alfabetizados mais de 700 mil cubanos analfabetos e muitos outros não aprenderam a ler e escrever por diversas razões, seja por idade muito avançada ou necessidades especiais, mas que posteriormente foram atendidos através de planos especiais e forma mais individualizada. Em 1961 Cuba reduziu a taxa de analfabetismo a menos de 4%, cifra muito inferior a meta aceitada pela Organização das Nações Unidas.
Nesta grande campanha do saber, coragem e amor participaram mais de 120 mil alfabetizadores populares, 100 mil estudantes brigadistas “Conrado Benítez”, 13 mil brigadistas trabalhadores, 34 mil professores, dirigentes políticos, trabalhadores administrativos da Campanha com uma cifra que superou os 300 mil cubanos, todos voluntários e com o mesmo desejo, de outro triunfo, de declarar Cuba como território livre de analfabetismo nas Américas.
A Campanha Nacional de Alfabetização não foi interrompida em nenhuma circunstância, prosseguiu durante condições difíceis de violência contra revolucionária, de bloqueio, e agressão imperialista e o resultado foi que quatro séculos de analfabetismo foram derrubados em pouco mais de um ano de Revolução.
Conrado Benítez, trabalhador, estudante, professor humilde, amigo puro, símbolo da sociedade cubana levou a luz do ensino a aqueles que não sabiam nada de números e letras. Seu assassinato pelas mãos de contra revolucionários o converteu no primeiro mártir da alfabetização que ofereceu sua vida para o ensino. Seu exemplo iluminou de amor e esperança a todo um povo com ânsia de aprender. “Não tenho medo, o meu é a escola; por ela vivo e se tenho que morrer, morro” declarava Conrado.
Assim o ensino gratuito e público abriu brecha para o desenvolvimento do país em distintas outras esferas, como por exemplo a Saúde Pública, Cultura, e hoje, depois de 50 anos a Campanha de Alfabetização volta a ser notícia, com uma Cuba sem nenhum analfabeto e mais de um milhão de universitários.
* É sergipano, estudante de Medicina em Cuba e do Núcleo Internacional do PT
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Fonte; http://pagina13.org.br/archives/12154
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