Dizem por aí que o mundo acabará em 21 de dezembro de 2012, data em que teria terminado o ciclo de contagem do tempo do calendário Maia. Mas será esta a verdadeira interpretação da data?
Fabiano Vilaça
O  Armagedon tem uma nova data. E como nas outras ocasiões em que o fim do  mundo foi anunciado, surgiram inúmeras especulações sobre o trágico  “espetáculo” do Juízo Final. Curiosamente, ao contrário do ano 1000 e  das previsões de vários “profetas” que desfiaram um rosário de eventos  apocalípticos, não se mencionou a volta do Messias, Jesus Cristo na  tradição cristã. Talvez porque a tão falada profecia esteja ligada aos  maias – civilização que se desenvolveu na Península de Yucatán, no sul  do México, e na América Central, em regiões que hoje fazem parte da  Guatemala, de El Salvador e de Honduras. Eles eram politeístas, ou seja,  adoravam várias divindades, ligadas à natureza.Mas  o que está no centro das recentes especulações apocalípticas é um dos  diversos elementos da cultura maia que chegaram até os nossos dias: seu  método de contagem do tempo. Eles idealizaram dois calendários: o  religioso, com base na Lua, chamado Tzolkim(relacionado a aspectos da vida humana), tinha 260 dias divididos em 13 meses com 20 dias (kins) cada; o outro, Haab,  mais parecido com o nosso, era o calendário agrícola (que organizava as  etapas do plantio e da colheita), com 365 dias repartidos em 18 meses  de 20 dias. Hábeis matemáticos, criaram um complexo sistema de  sincronização – a “Roda Calendárica” – desses dois calendários, nada  fácil de explicar. Em linhas muito gerais, a cada 52 voltas do Haab (um ciclo de 18.980 dias) correspondia um novo século, quando era realizada a cerimônia do fogo novo.
Momento de renovação
Para  os maias, o fim de um ciclo é um momento de renovação, o início de uma  nova era – o que desencadeou uma onda de mitos sobre o fim do mundo. O  principal diz que o mundo acabará em 21 de dezembro de 2012. O dia é  significativo no calendário justamente porque indica o fim de um ciclo e  o início de outro, mas nenhum registro daquela civilização autoriza a  afirmar que o mundo acabará naquela data, segundo Anthony F. Aveni,  professor de Astronomia e Antropologia da Colgate University, de Nova  York.
Outras  versões dão conta de que um tal Planeta Nibiru (ou Planeta X) estaria  em rota de colisão com a Terra, o que não seria possível, pois, além de  não haver dados concretos sobre a sua existência, se fosse entrar em  choque com a Terra no ano que vem, hoje já poderia ser visto a olho nu,  segundo o astrônomo Marcelo Gleiser. O professor de Astronomia e  Filosofia Natural do Dartmouth College, nos Estados Unidos, ainda  desmente a suposição de que um alinhamento galáctico envolvendo o Sol, a  Terra e o centro da galáxia destruirá nosso planeta. Só que esse  fenômeno acontece todo mês de dezembro.
“Esse  frenesi todo é irracional”, garante Marcelo Gleiser. Mas serviu, mais  uma vez, de inspiração para a poderosa indústria cinematográfica  norte-americana, que levou às telas “2012: o ano da profecia” (2009),  uma superprodução que consumiu 200 milhões de dólares. Sucesso de  bilheteria em vários países, como o Brasil, o filme mostrou que os mitos  nascidos da credulidade humana ainda são generosas fontes de lucros. E,  de quebra, enalteceu o esforço de reconstrução do mundo pelos Estados  Unidos.

Este artigo foi publicado na RHBN 63, Profecias. Para saber mais sobre previsões antigas sobre o fim do mundo, ler o dossiê desta edição







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